Bloco apela que partidos lutem juntos contra a discriminação
Bloco de Esquerda diz que voto de condenação ao autarca, que proibiu enterro de cidadão de etnia cigana em Cabeça Gorda, nunca foi um "ataque às forças políticas".
José Manuel Pureza, deputado do Bloco de Esquerda, apelou à “mobilização de todas as forças políticas” no combate à discriminação e garantiu que o seu partido não pretendeu atacar nenhuma força política a propósito do caso do enterro de um cidadão cigano no Alentejo.
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José Manuel Pureza, deputado do Bloco de Esquerda, apelou à “mobilização de todas as forças políticas” no combate à discriminação e garantiu que o seu partido não pretendeu atacar nenhuma força política a propósito do caso do enterro de um cidadão cigano no Alentejo.
Depois do presidente da Junta de Freguesia de Cabeça Gorda/Beja, Álvaro Nobre, ter recusado o enterro de um cidadão de etnia cigana, alegando que este não residia nem estava recenseado na localidade, o Bloco de Esquerda apresentou na Assembleia da República um “voto de condenação e repúdio pela discriminação contra a comunidade cigana de Cabeça Gorda”. O documento foi aprovado com os votos do BE, PAN e dos deputados do PS, João Soares e Idália Serrão, chumbado pelo PCP e PEV e com abstenção do PS, PSD e CDS.
O voto de condenação e repúdio gerou alguma discórdia entre PCP e BE, tendo o líder parlamentar do PCP, João Oliveira, acusado os bloquistas de assumirem uma “falsidade” com a apresentação do documento, pois, argumenta, o falecido “tinha uma casa arrendada noutra freguesia” e “não há registo daquele cidadão” nos serviços da autarquia.
Após o PÚBLICO ter noticiado, esta quinta-feira, que Álvaro Nobre passou à família do falecido um atestado de residência para ser apresentado na Segurança Social, depois de ter recusado o enterro, José Manuel Pureza sublinhou que “as razões que foram invocadas pelo autarca não têm sustentação” e que os partidos que se abstiveram ou votaram contra o voto de condenação apresentado deveriam “ter uma palavra de solidariedade para com a comunidade cigana”.
O deputado esclareceu ainda que a acção do Bloco de Esquerda “nunca foi um ataque a nenhuma força política, mas sim um voto de condenação de uma decisão concreta de um autarca concreto”.
Para o bloquista as acusações feitas foram “totalmente precipitadas e mereciam ser corrigidas”, salientando a importância de um “compromisso muito firme de empenho no combate contra a discriminação”.
Texto editado por Ana Fernandes