Robô da Roomba pode vender mapas das casas que aspira

A marca vai poder partilhar os mapas das casas que utilizam os seus aspiradores robóticos com empresas como Amazon, Google e Apple nos próximos dois anos.

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Os modelos mais avançados dos aspiradores da iRobot, como o Roomba 980, utilizam sistemas de navegação avançados que lhes permite circular e limpar várias divisões da casa Reuters/HANDOUT

Os aspiradores robóticos da Roomba com ligação à Internet podem coleccionar mais do que pó. Segundo o director executivo da empresa, Colin Angle, nos próximos dois anos os aparelhos vão poder disponibilizar mapas do interior das casas em que circulam.

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Os aspiradores robóticos da Roomba com ligação à Internet podem coleccionar mais do que pó. Segundo o director executivo da empresa, Colin Angle, nos próximos dois anos os aparelhos vão poder disponibilizar mapas do interior das casas em que circulam.

Numa entrevista recente à Reuters, Angle revelou estar confiante de que a iRobot (a empresa que cria os aparelhos da Roomba) comece a vender a informação recolhida pelos seus aspiradores a empresas como a Apple, a Amazon e a Google até 2019. Desde de Março que a assistente de voz da Amazon, a Alexa, já é compatível com os robôs.

“Há um ecossistema inteiro de coisas e serviços que a casa inteligente pode oferecer a partir do momento em que existe um mapa detalhado da casa que o utilizador autorizou partilhar”, disse Angle, que vê os mapas criados por alguns dos seus robôs como melhores que a informação recolhida por uma câmara de segurança. 

Nenhuma das três empresas referidas por Angle – Apple, Amazon e Google – comentou a informação quando contactadas. O director da Roomba assegura, porém, que os aparelhos da iRobot não podem vender informação a outra empresa sem a autorização dos clientes. Contudo, de acordo com os termos de serviço actuais da empresa, qualquer utilizador que tenha instalado a aplicação móvel da iRobot, já autorizou a empresa a partilhar informação pessoal com subsidiários, terceiros e – em alguns casos – as autoridades.

"A iRobot leva a privacidade e segurança dos seus clientes muito a sério", acentua Colin Angle por email quando questionado pelo PÚBLICO sobre a questão. "Vamos sempre pedir a autorização do cliente para armazenar informação do mapeamento. Actualmente, a iRobot está a construir mapas para permitir que a Roomba limpe as casas de forma eficaz e eficiente."

Vários aspiradores robóticos que a empresa desenvolve são criados com tecnologia que lhes permite memorizar as distâncias exactas entre obstáculos (mobília, aparelhos electrónicos, paredes) e divisões de modo a limpar as várias divisões da casa.

Em Portugal, estes modelos do iRobot com sistema de mapeamento avançado ainda não estão disponíveis. Porém, a informação de Angle chega pela altura do lançamento do novo robô de limpeza da Roomba em Portugal que já dispõe de conectividade wi-fi e pode ser programado para começar a aspirar a qualquer momento a partir de qualquer local através de uma aplicação móvel. Para a Robopolis, a empresa responsável pela distribuição dos produtos iRobot em Portugal, o robô inteligente vai facilitar a vida a todos os utilizadores. “Estamos a proporcionar aos clientes a oportunidade de experimentarem novas funcionalidades e opções de controlo sobre o Roomba, mesmo quando estão fora de casa,” explica José Silva, director das operações da Robopolis Portugal, em comunicado. 

Apesar de cada vez mais robôs domésticos incorporarem tecnologia wi-fi, alguns especialistas revelam preocupações na tendência. Segundo um relatório de Março da IOActive, uma consultora de soluções de segurança norte-americana, várias marcas de robôs industriais e domésticas têm falhas significativas de segurança com potencial para causar danos físicos, intelectuais e materiais. Em Fevereiro, a Spiral Toys, uma empresa que comercializa peluches ligados à Internet, e que tem como funcionalidade a gravação de mensagens por parte das crianças e dos seus pais, revelou que foram divulgadas online mais de 800 mil credenciais de clientes e dois milhões de mensagens gravadas. O aviso chegou aos clientes dois meses depois de o problema ter sido detectado.