Investigada morte de reformado que pode ser a 66.ª vítima de Pedrógão
José Rosa Tomás, de 82 anos, morreu a 15 de Julho. Filho diz que se trata de uma “vítima indirecta” do incêndio. Ministério Público vai averiguar.
José Rosa Tomás, reformado em Nodeirinho que estava acamado, viu a sua condição piorar após a passagem do incêndio de Pedrógão Grande, tendo morrido a 15 de Julho, situação que o Ministério Público vai investigar.
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José Rosa Tomás, reformado em Nodeirinho que estava acamado, viu a sua condição piorar após a passagem do incêndio de Pedrógão Grande, tendo morrido a 15 de Julho, situação que o Ministério Público vai investigar.
O reformado da PSP, de 82 anos, estava acamado sem andar "há mais de um ano" com um quadro de multipatologia, sofrendo de problemas respiratórios e de hipotensão, sendo que no dia 17 de Junho, quando as chamas chegaram a Nodeirinho, aldeia de Pedrógão Grande, a sua condição piorou, disse à agência Lusa o filho, Alfredo Tomás, de 55 anos, que considera que o seu pai é uma "vítima indirecta" das chamas que lavraram na região.
O Ministério Público, em comunicado divulgado na terça-feira, explica que a morte de José Rosa Tomás, "até ao momento, não está sinalizada como directamente relacionada com o incêndio", mas que não vai deixar de "recolher elementos com vista a definir todas as circunstâncias em que a mesma ocorreu".
No dia 17 de Junho, um anexo da casa junto ao quarto de José Rosa Tomás ardeu por completo e, no quarto onde o reformado estava deitado, "o fumo entrou" – cheiro que ainda não desapareceu por completo da divisão. "Isto escaldava. A parede escaldava", sublinhou Alfredo, que acabou por retirar o pai do quarto e levá-lo para outra divisão.
Segundo o filho, o pai já tinha uma situação clínica frágil, mas o fumo e o facto de ter vivido momentos tensos "pioraram a condição" de José Rosa Tomás, que trabalhou grande parte da vida adulta em Sintra, na PSP, tendo decidido passar a sua reforma em Nodeirinho, localidade onde tinha casado.
Logo a 18 de Junho, Alfredo Tomás levou o pai até ao Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC). "Esteve lá umas horas e deram-lhe alta", relata o filho da vítima, que voltou a levar o pai ao CHUC quando este estava "com muita dificuldade em respirar", para voltar a receber alta "passadas cinco ou seis horas".
"Não concordo que não o tenham internado", frisa, referindo que a 10 de Julho o pai deu entrada nos cuidados continuados em Figueiró dos Vinhos, para no dia seguinte o informarem que tinham enviado José Rosa Tomás "para o Hospital dos Covões", em Coimbra. Passados dois dias, recebeu informação do hospital que "a situação estava crítica" e, a 15 de Julho, por volta das 17h45, José Rosa Tomás viria a morrer, relatou, dizendo que não lhe foi referida qual a causa de morte do pai. A agência Lusa tentou obter informações junto do CHUC, que se escusou a divulgar informação clínica.
O incêndio "não foi causa directa, mas foi indirecta. Isso foi", frisa o filho.
A 17 de Julho, realizou-se o funeral de José Rosa Tomás, no cemitério de Vila Facaia, de onde era natural.