Marcelo: "Em ditadura ninguém percebia bem os contornos das tragédias"
O Presidente da República recorreu ao Estado Novo para justificar a forma como o processo da tragédia de Pedrógão Grade tem sido conduzido.
O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, chegou esta terça-feira por volta das 21h30 ao posto de comando da Protecção Civil em Mação, para se inteirar sobre a evolução do incêndio de grandes proporções que lavra no concelho desde domingo. À chegada, Marcelo disse aos jornalistas que vinha "dar um abraço" aos bombeiros voluntários, e desvalorizou relatos de descoordenação no combate às chamas.
A verdade faz-nos mais fortes
Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.
O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, chegou esta terça-feira por volta das 21h30 ao posto de comando da Protecção Civil em Mação, para se inteirar sobre a evolução do incêndio de grandes proporções que lavra no concelho desde domingo. À chegada, Marcelo disse aos jornalistas que vinha "dar um abraço" aos bombeiros voluntários, e desvalorizou relatos de descoordenação no combate às chamas.
Depois, comentou a discussão à volta dos números das vítimas mortais da tragédia de Pedrógão Grande lembrando como eram estes assuntos tratados no tempo do Estado Novo. "Em ditadura, lembro-me há 50 anos, era possível haver tragédias e nunca ninguém percebia bem qual eram os contornos das tragédias porque não havia um Ministério Público autónomo, juízes independentes e comunicação social livre. Em democracia há tudo isto“, vincou.
"Respeito a autonomia do Ministério Público”, acrescentou o Chefe de Estado, elogiando a decisão do organismo de "conduzir os seus inquéritos de foram autónoma”. De seguida, ressalvou a sua posição na matéria: “O Presidente da República a única coisa que pode fazer é não imiscuir-se no trabalho dos magistrados”. Não obstante, deixou um recado: "Quem está longe não compreende a situação vivida aqui."
"É preciso acorrer a várias povoações. É uma área imensa, muito dispersa", acrescentou. "É um trabalho muito difícil. É um trabalho muito ingrato. Basta que o vento mude para ter de ser tudo repensado e ter de se passar da ofensiva à defensiva", disse.
O Presidente da República recusou no entanto comentar a polémica em torno da lista das vítimas mortais de Pedrógão Grande, divulgada esta noite, sublinhando respeitar "a autonomia do Ministério Público". Marcelo Rebelo de Sousa chegou ao posto de comando instalado no Largo da Feira, no centro da vila de Mação, onde já se encontrava o secretário de Estado da Administração Interna, Jorge Gomes, que chegara uma hora antes.
Aos jornalistas, Jorge Gomes disse que o incêndio de Mação se tem desenvolvido "de uma forma anormal, a uma velocidade muito grande, que o sistema não conseguiu acompanhar". "A prioridade tem sido a salvaguarda das pessoas e dos seus bens", disse o governante, lembrando que o incêndio deflagrou na Sertã, distrito de Castelo Branco.