Hospital nega pedido dos pais de Charlie Gard para deixar o bebé morrer em casa

Depois de Chris Gard e Connie Yates terem desistido de viajar com o seu filho para os EUA para um tratamento experimental, o casal inglês luta agora para que o bebé possa morrer em casa.

Foto
Reuters/PETER NICHOLLS

Os pais de Charlie Gard, bebé inglês com uma doença terminal, que protagonizaram uma batalha judicial para tentar levar o filho para os EUA, onde existia a possibilidade de um tratamento experimental (entretanto afastada), lutam agora contra o hospital de Grand Ormond Street, em Londres, que negou um pedido para que a criança pudesse morrer em casa.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

Os pais de Charlie Gard, bebé inglês com uma doença terminal, que protagonizaram uma batalha judicial para tentar levar o filho para os EUA, onde existia a possibilidade de um tratamento experimental (entretanto afastada), lutam agora contra o hospital de Grand Ormond Street, em Londres, que negou um pedido para que a criança pudesse morrer em casa.

O advogado hospital, citado pela Reuters, disse esta terça-feira em tribunal que os responsáveis clínicos estariam dispostos a "mover montanhas" para aceitar o pedido, mas que tal é impossível por motivos práticos. 

A justiça inglesa considera que a hipótese mais viável neste momento é a transferência do bebé para uma unidade de cuidados paliativos. A decisão será anunciada amanhã, quarta-feira.

Chris Gard e Connie Yates deram esta semana por terminada a anterior batalha legal, travada nos últimos meses, para que a justiça inglesa permitisse a viagem do seu filho para os Estados Unidos para  ser submetido a um tratamento experimental. Agora, aceitaram desligar o suporte de vida que tem mantido o seu bebé a respirar, para não o fazer sofrer mais.

A decisão foi tomada após um médico norte-americano, especialista em doenças genéticas, ter visto o bebé e analisado os últimos exames que lhe foram feitos. O neurologista Michio Hirano, da Universidade de Columbia, em Nova Iorque, que pensava que o novo tratamento que tinha desenvolvido poderia ajudar Charlie Gard, acabou por concordar com os médicos de Londres. O bebé precisa até de ajuda de uma máquina para respirar: já é demasiado tarde para testar o novo tratamento, e tentar só lhe iria causar sofrimento inútil.

Grant Armstrong, advogado da família, explicou ao Supremo Tribunal britânico, na passada segunda-feira, que o “tempo se esgotou” para o bebé, e que tentar prosseguir com o tratamento já não é representa o melhor interesse de Charlie. A doença genética com que nasceu, denominada síndrome de depleção do ADN mitocondrial, rara e incurável, causa fraqueza muscular progressiva e danos cerebrais irreversíveis.

Charlie Gard nasceu prematuramente no dia 4 de Agosto de 2016. À sexta semana de vida, os pais levaram a criança novamente ao hospital depois de se terem apercebido de que o filho começara a perder peso e força muscular.