Enfermeiros especialistas a beira de voltar às salas de parto
“Há uma boa base negocial para resolver a questão da carreira de enfermagem”, diz porta-voz do movimento de enfermeiros especialistas em saúde materna e obstétrica
O encontro que nesta segunda-feira à tarde juntou membros da Federação Nacional dos Sindicatos de Enfermagem, da Administração Central do Sistema de Saúde e da secretaria de Estado de Saúde abriu a porta ao fim do protesto dos enfermeiros especialistas em saúde materna e obstétrica que está a afectar 23 serviços.
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O encontro que nesta segunda-feira à tarde juntou membros da Federação Nacional dos Sindicatos de Enfermagem, da Administração Central do Sistema de Saúde e da secretaria de Estado de Saúde abriu a porta ao fim do protesto dos enfermeiros especialistas em saúde materna e obstétrica que está a afectar 23 serviços.
A expectativa era grande. “A reunião foi muito produtiva”, disse no final Bruno Reis, porta-voz do movimento de enfermeiros especialistas. “Há uma boa base negocial para resolver a questão da carreira de enfermagem”, afirmou em declarações ao PÚBLICO. Referia-se à possibilidade de, em vez de haver duas categorias, a de enfermeiro e a de enfermeiro principal, como agora acontece, passar a “haver três ou quatro, incluindo a de enfermeiro especialista, com a respectiva valorização salarial”.
Bruno Reis disse que vai agora falar com os outros membros do movimento de enfermeiros especialistas em saúde materna e obstétrica. Está porém completamente convencido de que a greve de zelo, iniciada no dia 3 de Junho, será suspensa e que isso mesmo será anunciado durante a noite ou já na manhã desta terça-feira.
Neste momento, o protesto afecta 23 dos 38 serviços materno-infantis do país. Mais de 800 profissionais do serviço nacional de saúde comparecem nos seus postos de trabalho, prestam todos os cuidados gerais, para os quais foram contratados, mas recusam-se a fazer trabalho de enfermeiros especialistas.
Há notícia de constrangimentos nos serviços. O movimento tem falado em partos programados adiados, em partos que se fazem com menos profissionais na sala e em mulheres e crianças que têm sido transferidas.
Um parecer da Procuradora Geral da República, revelado na quinta-feira, indica que estes enfermeiros podem incorrer em faltas injustificadas e vir a ser responsabilizados disciplinar e civilmente. Entende que "a recusa de prestação de serviço dos enfermeiros com título de especialista não é enquadrável numa greve". Na altura, os enfermeiros decidiram manter o protesto até esta segunda-feira.