Mendes critica apoio do PSD a Ventura, que acusa de explorar preconceitos
Antigo líder do PSD condena apoio do partido ao candidato à câmara de Loures, André Ventura.
Luís Marques Mendes, antigo líder do PSD, criticou este domingo no seu habitual espaço na SIC o apoio do partido a André Ventura, o candidato à Câmara Municipal de Loures que vem repetindo ataques à comunidade cigana.
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Luís Marques Mendes, antigo líder do PSD, criticou este domingo no seu habitual espaço na SIC o apoio do partido a André Ventura, o candidato à Câmara Municipal de Loures que vem repetindo ataques à comunidade cigana.
“Pergunta-se: mas ele devia ter saído das listas? Eu responderia que nunca deveria ter entrado”, disse Mendes.
Apesar de afirmar que Ventura até “está certo quando diz que há problemas com comunidades ciganas”, o comentador condenou o recurso à “generalização”.
“Dizer que os ciganos não cumprem as leis, só porque alguns prevaricam, é um disparate tão grande quanto dizer que o PSD é um partido de desonestos só porque um ou outro militante esteve envolvido no BPN”, afirmou.
Mendes acusa o candidato de “populismo” por tentar “ganhar votos à custa de um preconceito”.
“Era pouco conhecido, estava mal nas sondagens, arranjou uma polémica e passou a ser falado. É uma táctica muito conhecida. É a tradução daquela ideia – não interessa se falam bem ou mal de mim, preciso é que falem”, criticou.
“Isto não é aceitável”, disse. “A política não é a arte do vale tudo. Tem de haver regras. Nem todos os meios são legítimos para atingir os fins”, reiterou.
Mendes criticou ainda a ligação de Ventura ao mundo do futebol, enquanto comentador afecto ao Benfica: “É um retrocesso no PSD, no tempo do cavaquismo houve muito o recurso a candidatos do mundo do futebol mas mais tarde cortou-se com isso”.
Numa entrevista ao jornal i, o candidato autárquico teceu duras críticas a “grupos que, em termos de composição de rendimento, vivem exclusivamente de subsídios do Estado”, acusando especificamente uma comunidade de ter uma cultura de “impunidade”.
“A etnia cigana tem de interiorizar o Estado de Direito, porque, para eles, as regras não são para lhes serem aplicadas. Há um enorme sentimento de impunidade, sentem que nada lhes vai acontecer”, disse.
Estas declarações, repetidas a outros órgãos e no Facebook, motivaram a retirada de apoio do CDS-PP ao candidato, com o PSD a manter-se ao lado de Ventura. O primeiro-ministro António Costa acabaria por qualificar o candidato de “racista”, enquanto o Bloco de Esquerda avançou para a justiça, apresentando uma queixa contra Ventura por crime de discriminação racial.