Republicanos e democratas de acordo para sanções à Rússia

Embaixador no centro da teia das ligações à campanha presidencial de Trump regressa a Moscovo quando filho e genro de Trump começam a ser ouvidos.

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O embaixador ocupava o cargo desde 2008 Reuters/Joshua Roberts

O Congresso norte-americano prepara-se para aprovar sanções à Rússia que possam resistir a um veto presidencial, com republicanos e democratas cada vez mais desconfortáveis com a atitude do Presidente, Donald Trump, face à Rússia. Isto numa altura em que a investigação à possível ingerência russa na campanha presidencial avança, com o filho e o genro de Trump a serem ouvidos no início da semana. Coincidência: Moscovo retira de jogo o seu embaixador em Washington, Sergei Kisliak - uma figura central na polémica.

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O Congresso norte-americano prepara-se para aprovar sanções à Rússia que possam resistir a um veto presidencial, com republicanos e democratas cada vez mais desconfortáveis com a atitude do Presidente, Donald Trump, face à Rússia. Isto numa altura em que a investigação à possível ingerência russa na campanha presidencial avança, com o filho e o genro de Trump a serem ouvidos no início da semana. Coincidência: Moscovo retira de jogo o seu embaixador em Washington, Sergei Kisliak - uma figura central na polémica.

A nova legislação fruto do acordo entre os dois grandes partidos limita a acção de Trump em relação às sanções e constitui "um algemar extraordinário de um Congresso de maioria republicana a um Presidente apenas há seis meses no cargo", diz o New York Times

“Penso que [a lei] irá passar, provavelmente de modo esmagador no Senado e com uma maioria à prova de veto”, declarou o senador republicano John Thune à estação de televisão Fox News.

Ben Cardin, o mais importante democrata no comité de relações externas no Senado, disse que a lei teria apoio dos dois partidos e seria possível reverter um eventual veto de Trump. “Se ele vetar, nós vamos reverter o veto”, garantiu. Para isso é necessário uma maioria de dois terços em ambas as câmaras do Congresso.

A porta-voz da Casa Branca, Sarah Sanders, disse que Trump considerava a possibilidade de agir com mais dureza em relação à Rússia e que apesar de objecções iniciais a Administração "apoia a versão inicial da lei". O novo director de comunicações da Casa Branca, Anthony Scaramucci, foi no entanto menos assertivo, dizendo que Trump ainda não tinha decidido.

Nas últimas semanas, responsáveis da Administração Trump têm-se encontrado com senadores argumentando contra algumas partes da lei, incluindo a exigência de que Trump peça autorização ao Congresso antes de aliviar as sanções. 

Republicanos e democratas não querem dar a Trump a "flexibilidade" que este tem pedido em relação à Rússia.

O Presidente americano encontrou-se com o chefe de Estado russo, Vladimir Putin, à margem da cimeira do G20, no início do mês, na Alemanha – e se já tinha sido notada a duração extraordinária do primeiro encontro, mais de duas horas, foi mais tarde noticiado que houve um segundo encontro entre os dois, durante um jantar de líderes.

O filho mais velho de Trump está também a ser escrutinado por ter aceitado um encontro com responsáveis russos que, durante a campanha presidencial, lhe prometeram material comprometedor para a campanha da rival democrata, Hillary Clinton. Donald Trump Jr. e Jared Kushner (genro do Presidente) vão ser ouvidos à porta fechada em comissões do Senado, assim como o antigo responsável de campanha, Paul Manafort. Kushner começa a ser ouvido esta segunda-feira. 

Fontes ligadas ao processo dizem que os investigadores estão a tentar usar potenciais acusações de lavagem de dinheiro contra Manafort para conseguir a sua colaboração na investigação à Rússia. Esta não é a única manobra: fontes dizem que a Administração está a tentar encontrar informação danosa sobre Robert Mueller, que foi nomeado pelo Departamento de Justiça para liderar a investigação especial sobre a ingerência russa, ou descobrir potenciais conflitos de interesse de Mueller ou de alguns de investigadores da equipa, que permitissem afastá-los. A perspectiva de que Mueller pudesse levar a cabo uma investigação intensiva dos negócios da família Trump causou mal estar e alguns responsáveis disseram que  ainvestigação se deve manter focada nas eleições do ano passado.  

Enquanto isso, Moscovo anunciou a retirada do embaixador russo nos Estados Unidos. Sergei Kisliak, 66 anos, já foi considerado "o embaixador mais radioactivo de Washington". 

Foi um encontro com Kisliak que levou à demissão do conselheiro de segurança nacional Michael Flynn, quando se descobriu que este mentira sobre o conteúdo das conversas com o embaixador.

Mais tarde, foram também contactos com o embaixador mantidos durante a campanha que levaram Jeff Sessions, o actual procurador-geral, a pedir para não supervisionar a investigação do Departamento de Justiça à interferência russa. Contactos entre Kisliak e Kushner, incluindo uma discussão sobre um potencial canal privilegiado entre Washington e Moscovo, deixaram o genro de Trump sob suspeita. 

Sessions voltou a ser notícia na sexta-feira: o Washington Post noticiou que Kisliak reportou a Moscovo ter discutido questões relacionadas com a campanha com Sessions, então conselheiro da campanha de Trump. Sessions sempre negou que estes assuntos tivessem sido abordados.  

Quanto à questão geral sobre a interferência russa na eleição, Scaramucci disse este domingo que o Presidente lhe disse o seguinte sobre o assunto: "Olha, sabes, talvez tenham feito, talvez não".