O turismo é fodido
Passeando de carro por Lisboa divirto-me a brincar com a Maria João ao "onde está o lisboeta?"
Passeando de carro por Lisboa divirto-me a brincar com a Maria João ao “onde está o lisboeta?” São tantos os turistas que é difícil encontrar figuras estereotipicamente alfacinhas. É desconcertante como os turistas de todas as nacionalidades aprenderam a atravessar a rua à portuguesa, sem ligar aos semáforos ou às passadeiras. Sente-se assim que os lisboetas, embora invisíveis, estão presentes através dos comportamentos.
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Passeando de carro por Lisboa divirto-me a brincar com a Maria João ao “onde está o lisboeta?” São tantos os turistas que é difícil encontrar figuras estereotipicamente alfacinhas. É desconcertante como os turistas de todas as nacionalidades aprenderam a atravessar a rua à portuguesa, sem ligar aos semáforos ou às passadeiras. Sente-se assim que os lisboetas, embora invisíveis, estão presentes através dos comportamentos.
Leva um tempinho até perceber que muitos destes turistas já são lisboetas. Como estrangeiros residentes em Lisboa chegam a ter opiniões descaradamente intolerantes sobre os turistas. Como escolheram livremente viver em Lisboa alguns até se acham superiores àqueles lisboetas que estão cá só porque nasceram cá ou vieram cá parar apenas por ser uma grande cidade portuguesa.
Bem sei que é destas contradições deliciosas que vivem as cidades mais interessantes do mundo. Como também não tenho aspecto de lisboeta sinto-as na carne. Os turistas olham para mim como olham para outros turistas: mais um palerma que veio para Lisboa embasbacar-se.
Estou a passear a pé pelo Bairro Alto quando um inglês num Mercedes branco, depois de não conseguir atropelar-me, tem a lata de me gritar: “Get off the fucking road!” Na voz nota-se o desdém que só os ingleses têm pelos compatriotas. Em vez de lhe responder com uma caralhada alcantarense caio na asneira de lhe responder em inglês perfeito, dando razão ao cabrão do homem. Quase o ouço a sussurrar, entredentes, “fucking tourists!”