Três palestinianos mortos em violência em Jerusalém Oriental

Centenas de pessoas ficaram feridas na manifestação contra a instalação, por parte de Israel, de detectores de metais na mesquita de Al-Aqsa.

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Milhares de pessoas rezaram na rua, perto da mesquita de Al-Aqsa, em Jerusalém AMMAR AWAD/Reuters

Milhares de palestinianos manifestaram-se esta sexta-feira perto da Mesquita al-Aqsa, na Cidade Velha em Jerusalém, contra a instalação, por parte de Israel, de detectores de metal à entrada do local.

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Milhares de palestinianos manifestaram-se esta sexta-feira perto da Mesquita al-Aqsa, na Cidade Velha em Jerusalém, contra a instalação, por parte de Israel, de detectores de metal à entrada do local.

Israel justifica a medida com a necessidade de controlar armas na zona depois de, na semana passada, três árabes israelitas armados terem morto a tiro dois polícias israelitas na Cidade Velha. Os atacantes foram perseguidos e mortos.

Os palestinianos vêem a medida como um passo das autoridades israelitas para controlar a zona onde está a mesquita. No local só podem rezar muçulmanos, mas cada vez mais tem havido visitas de judeus ultranacionalistas, e alguns têm mesmo tentado rezar no Monte do Templo, como os judeus lhe chamam (Nobre Santuário, para os muçulmanos).

Desde a instalação dos detectores, no domingo, tem havido protestos pacíficos todos os dias, com os palestinianos a rezar na rua e a recusar-se a entrar no local enquanto os detectores não forem retirados. Mas nesta sexta-feira, o dia das orações mais importantes da semana, trouxe muito mais pessoas para perto da mesquita e na hora de rezar as centenas de manifestantes transformaram-se em milhares.

As autoridades israelitas tinham imposto restrições barrando a entrada a homens com menos de 50 anos na Cidade Velha, uma medida que é por vezes adoptada para evitar violência.

Mas esta sexta-feira a violência eclodiu. “Em segundos, tudo explodiu”, descreve o diário israelita Ha’aretz, embora não fosse possível perceber o que fez começar o tumulto ou quem deu o primeiro passo. “Foi uma garrafa ou pedra atirada contra a polícia, ou alguém imaginou ver uma garrafa ou pedra?”, pergunta. Certo é que “a polícia carregou, atirando granadas de fumo”. "Os palestinianos responderam com pedras, e os polícias com balas de borracha – segundos mais tarde, dois palestinianos estavam no chão, inconscientes”.

Segundo o Ministério palestiniano da Saúde, morreram dois palestinianos, um deles de 17 anos, atingidos a tiro, em dois bairros de Jerusalém Oriental já longe do local dos protestos. Um terceiro palestiniano morreu, mas não era claro onde. Mais de 300 pessoas ficaram feridas na violência.

Num episódio à parte, em Neve Tsuf – que fica a cerca de 60 quilómetros a norte de Jerusalém –, quatro israelitas foram esfaqueados (três deles mortalmente) na tarde desta sexta-feira, segundo informações dos meios de comunicação locais e do exército de Israel. O atacante – um palestiniano de 19 anos, diz a Israel Radio – foi alvejado mas não se sabe se ficou ferido ou se morreu. 

O Ha’aretz alerta para a possibilidade de haver consequências, lembrando que os políticos israelitas desvalorizaram o alcance dos protestos - a meio da semana estimaram que iriam diminuir e desaparecer, o que claramente não aconteceu.

Em 2000, uma visita do então líder da oposição Ariel Sharon ao Pátio das Mesquitas levou a confrontos violentos que cresceram para uma revolta, a segunda Intifada, que durou quatro anos e deixou cerca de mil israelitas e 3 mil palestinianos mortos.