Uma luva para traduzir língua gestual
Uma britânica está a desenvolver um projecto para aproximar os que têm dificuldade em se entender. O produto pode chegar ao mercado em 2018
A tecnologia que permite a pessoas com dificuldades de expressão comunicar com alguém que não entende língua gestual ainda é escassa e, muitas vezes, cara. Foi no que reparou Hadeel Ayoub e o que a levou a pegar em algo tão comum como uma luva e fazer dela um tradutor em tempo real de língua gestual em texto e fala.
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A tecnologia que permite a pessoas com dificuldades de expressão comunicar com alguém que não entende língua gestual ainda é escassa e, muitas vezes, cara. Foi no que reparou Hadeel Ayoub e o que a levou a pegar em algo tão comum como uma luva e fazer dela um tradutor em tempo real de língua gestual em texto e fala.
O projecto começou a ser trabalhado em 2014, mas já esteve mais longe de fugir da classificação de “protótipo”. O Revoice – nome que a investigadora britânica deu ao projecto – pode chegar a pontos de venda em 2018.
“As pessoas estavam muito emocionadas durante as demonstrações, especialmente as famílias de pessoas que usam língua gestual todos os dias”, revelou Ayoub à publicação Wareable. O projecto passou por várias fases. Em 2015, a investigadora traçava um objectivo: adaptar a tecnologia para que fosse de mais fácil utilização para crianças. À mesma publicação, a investigadora revelou que são os pais de crianças que sofrem desta condição que estão mais “investidos” nesta tecnologia. É deles que chegam a maior parte dos emails que Hadeel Ayoub recebe diariamente.
O produto pode rondar os 500 euros, o que contrasta com outras tecnologias semelhantes que estão a ser testadas neste momento. O objectivo passa por levar esta luva a instituições de ensino, por exemplo, já que as potencialidades da tecnologia estendem-se a crianças com autismo, que podem ter dificuldade em expressar-se através da linguagem verbal.
One woman show
Se o projecto de Ayoub já parece ambicioso, o que dizer quando percebemos que, na maior parte do tempo, é a britânica a guiar o barco sozinha. Neste momento, a investigadora está a tirar o doutoramento na Universidade de Goldsmiths, em Londres. É lá que está a desenvolver a investigação.
Mas o que difere este projecto de outros desenvolvidos noutras universidades? “ Há muita tecnologia direcionada a pessoas com dificuldades de fala, a maioria recorre a dispositivos como tablets e smartphones”, revela à Codesign.
Ayoub está perto de concretizar um desejo antigo. A investigadora nasceu numa casa em que se falavam três línguas. Ensinou e usou a língua gestual para poder comunicar com as irmãs sem os pais compreenderem. Anos mais tarde, prepara-se para aproximar os filhos aos pais, desta vez, através da tecnologia.