No Uruguai já se pode comprar cannabis na farmácia

O país latino-americano é o primeiro a legalizar a produção e a venda desta droga para uso recreativo.

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Numa rua no centro de Montevideu, capital do Uruguai, na manhã desta quarta-feira, formou-se bem cedo uma fila de clientes. Assim que o estabelecimento foi aberto, cinco pessoas compraram, pela primeira vez, cannabis numa farmácia.

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Numa rua no centro de Montevideu, capital do Uruguai, na manhã desta quarta-feira, formou-se bem cedo uma fila de clientes. Assim que o estabelecimento foi aberto, cinco pessoas compraram, pela primeira vez, cannabis numa farmácia.

A venda é feita directamente ao consumidor, sendo este o fim de um demorado processo de legalização, que demorou três anos, avança o Guardian. É obrigatório, antes da compra, um registo que permite ter acesso a cannabis nos 16 postos de venda. São cerca de 5000 os uruguaios inscritos na base de dados. O registo do cliente é comprovado pelas impressões digitais, não sendo necessário apresentar um documento de identidade.

As farmácias que aderiram à venda de cannabis tiveram de investir na segurança do estabelecimento para prevenir assaltos, mas esperam compensar com o aumento de clientes. "Estamos num ponto em que a liberdade de consumir está garantida", disse Xavier Ferreyra, 32 anos, um dos primeiros consumidores a adquirir a droga numa farmácia.

É permitido comprar pacotes de cinco gramas, a 5,62 euros cada. E só estão disponíveis duas variedades de cannabis, segundo o jornal britânico, produzidas por laboratórios autorizados e controlados: “Alfa 1” e “Beta 1”. O governo uruguaio não conseguiu estabelecer contratos com grandes redes de distribuição e, por isso, o número de pontos de venda não cobre todo o território. Em Montevideu, por exemplo, onde vive metade da população uruguaia, há três pontos de venda.

A lei é restrita a cidadãos uruguaios e residentes legais no país. Cada cliente poderá comprar dez gramas de cannabis por semana, num total de 40 gramas por mês, a um custo de cerca de 11 euros por cada dez gramas. Um preço inferior ao do mercado negro, para incentivar os consumidores a comprarem a droga nas farmácias. No entanto, o componente psicoactivo será de baixo teor, estabelecido em 2% de THC (o princípio activo, que provoca o efeito alucinogénio).

De acordo com o Instituto de Regulação e Controle da Cannabis (IRCCA), do Uruguai, 16 farmácias aderiram ao sistema. Todas cumprem os requisitos exigidos na lei aprovada em 2013 que regula produção e venda de cannabis.

O cronograma para a venda da cannabis ao público em farmácias foi o ponto mais conflituoso e complexo desta lei, apresentada e aprovada durante o mandato do presidente de esquerda José Mujica (2010 e 2015), como estratégia de luta contra o tráfico de droga.