UGT apela a Governo e a Marcelo que travem políticas da Altice

Carlos Silva diz que a central sindical apoia a greve dos trabalhadores da PT, marcada para sexta-feira.

Foto
Trabalhadores da PT Portugal contestam transferência para outras empresas do grupo Altice Manuel Roberto

O secretário-geral da UGT, Carlos Silva, considera "imoral" e "criminosa" a intenção da Altice de despedir três mil trabalhadores da PT, apelando ao Governo e ao Presidente da República para travar essa possibilidade.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

O secretário-geral da UGT, Carlos Silva, considera "imoral" e "criminosa" a intenção da Altice de despedir três mil trabalhadores da PT, apelando ao Governo e ao Presidente da República para travar essa possibilidade.

"É criminosa a possibilidade de despedir três mil trabalhadores" da PT (Portugal Telecom, detida pela Altice), bem como a transferência de trabalhadores para outras empresas do grupo, afirmou à agência Lusa Carlos Silva, que falava após a reunião do secretariado nacional da central sindical, que decorreu nesta quinta-feira em Figueiró dos Vinhos.  

O secretário-geral referiu que a UGT "estará com o movimento sindical", apoiando a greve dos trabalhadores da PT agendada para a sexta-feira, sublinhando que a central sindical que lidera estará "na primeira linha de combate contra este tipo de empresariado que não é moral".

"É um empresariado imoral, que tenta esmagar os direitos dos trabalhadores e não olha para as necessidades de quem trabalha", asseverou, vincando que, com a possibilidade de despedimento de três mil trabalhadores da PT, "a Altice não é bem-vinda”.

Carlos Silva realçou ainda que espera que o primeiro-ministro, António Costa, o Governo e o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, "não permitam que uma coisa destas possa acontecer".

"Nós não queremos capitalismo selvagem em Portugal. Não queremos empresários selvagens em Portugal. É um crime o que pode acontecer na Altice e subscrevemos a preocupação do primeiro-ministro", acrescentou, salientando que o investimento tem de ser "um investimento digno", que crie riqueza e que não gere "conflitos sociais".

A greve dos trabalhadores da PT foi agendada para sexta-feira contra a transferência de funcionários para outras empresas.

Em 30 de Junho foi tornado público que a PT Portugal iria transferir 118 trabalhadores para empresas do grupo Altice (a Tnord e a Sudtel) e ainda para a Visabeira, utilizando a figura de transmissão de estabelecimento, cujo processo estará concluído no final deste mês.

Antes, no início de Junho, a operadora, comprada pelo grupo francês Altice há dois anos, tinha anunciado a transferência de 37 trabalhadores da área informática da PT Portugal para a Winprovit.

"O clima entre trabalhadores e a [equipa de] gestão tem vindo a degradar-se", afirmou, na quarta-feira, o presidente do Sindicato dos Trabalhadores do Grupo Portugal Telecom, Jorge Félix, acrescentando que "os trabalhadores têm sérias dúvidas quanto ao futuro da Tnord e da Sudtel, já que são empresas de pequena dimensão e não se sabe qual é a sua capacidade financeira" daqui a um ano, altura em que terminam os direitos que os trabalhadores tinham na PT Portugal.