Informática e Física fazem crescer vagas no ensino superior

Número de lugares para novos alunos nas universidades e politécnicos aumenta pelo segundo ano. Há 50.838 vagas em concurso a partir desta quarta-feira.

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Bruno Lisita

As universidades e politécnicos criaram quase 300 novas vagas em cursos das áreas de Informática e Física para o próximo ano lectivo, respondendo positivamente às indicações dadas pelo Governo de que fossem privilegiadas estas formações na altura de definir a oferta do sector. Ao todo, há 50.838 lugares para novos alunos no ensino superior, mais 150 do que no ano passado, o que significa um crescimento pelo segundo ano consecutivo.

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As universidades e politécnicos criaram quase 300 novas vagas em cursos das áreas de Informática e Física para o próximo ano lectivo, respondendo positivamente às indicações dadas pelo Governo de que fossem privilegiadas estas formações na altura de definir a oferta do sector. Ao todo, há 50.838 lugares para novos alunos no ensino superior, mais 150 do que no ano passado, o que significa um crescimento pelo segundo ano consecutivo.

No despacho orientador para a fixação de vagas no ensino superior para o próximo ano lectivo, publicado no início do mês passado, o Governo fazia duas recomendações às instituições. Por um lado, defendia que fossem abertos, preferencialmente, lugares em cursos nas áreas das tecnologias de informações, tendo em contado os objectivos para a literacia digital fixados até 2030. A outra área considerada prioritária é a da Física dada a “elevada carência específica de profissionais” no sector da Saúde. Em causa está a formação em Fisíca Tecnológica necessária nesta área.

As universidades e politécnicos responderam a estas indicações da tutela criando 294 novas vagas nestes duas áreas. Em nove cursos de Física ou Engenharia Física há mais 72 lugares do que no ano passado. O crescimento na área da Informática é ainda maior. Em 11 cursos de Engenharia Informática há mais 86 vagas. A estas juntam-se outras 136 em licenciaturas e mestrados integrados de Informática ou Computação.

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Aumento vagas totais só no interior

Em contraciclo com a maioria das homólogas, foram suprimidas vagas nos cursos de Engenharia Informática da Universidade da Madeira e do Instituto Superior de Engenharia do Porto – que, ainda assim, mantém 200 vagas, o que o coloca entre os 20 cursos com mais vagas –, bem como nas licenciaturas em Engenharia Electrotécnica e de Computadores do Instituto Politécnico de Setúbal.

De acordo com as regras definidas pelo Governo, apenas as instituições do interior podiam aumentar o número de vagas totais disponibilizadas. No caso das universidades do litoral, o aumento do número de lugares nos cursos de Física e Informática foi feito à custa de cortes em outras áreas. “Gostaríamos de também ter podido aumentar o número de vagas, mas o importante era responder a uma necessidade que estava identificada nestes áreas”, comenta o presidente do Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas (CRUP), António Cunha.

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O aumento do número de vagas na área da Informática é visto como “muito positivo” pelo presidente do Conselho Coordenador dos Institutos Superiores Politécnicos (CCISP), Nuno Mangas, tendo em conta os alertas que têm vindo a ser deixado pelas empresas e por instituições públicas, dizendo que esta é uma área em que o país tem “muitos lugares no mercado de trabalho para preencher”. “Penso que isso vai responder claramente a essa necessidade”, valoriza.

Mangas sublinha ainda o facto de as engenharias continuarem a ser a sector com o maior número de vagas disponíveis no concurso nacional de acesso, totalizando 9063. “Só não há mais candidatos nessas áreas devido às dificuldades de acesso”, contextualiza.

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Os resultados dos alunos nos exames nacionais do ensino secundário, que servem como provas específicas de acesso ao ensino superior, condicionam as opções dos alunos na hora de se candidatarem ao ensino superior. Disciplinas como Matemática e Física são as mais requisitadas para entrar nos cursos de engenharia e se, no caso da primeira, os resultados no secundário melhoraram este ano, na segunda continuam entre os piores.

Para o balanço final no total de vagas que são disponibilizadas aos alunos que querem entrar no ensino superior contribuem igualmente as áreas em que as universidades e politécnicos reduziram as suas apostas. Os cursos de Artes perdem 112 lugares. Também no sector da Arquitectura e Construção (menos 37 vagas) e Indústrias Transformadoras (menos 35) há uma diminuição.

Território e planeamento

Na lista dos cursos onde são cortados um maior número de lugares há um destaque para formação ligadas ao território e ao planeamento, como o curso pós-laboral de Administração Pública e Políticas de território da Universidade de Lisboa, que passou de 70 para 40 vagas, a Especialização de Urbanismo na Faculdade de Arquitectura da Universidade de Lisboa, onde foram reduzidos 10 lugares, ou o curso de Desenvolvimento Regional e Ordenamento do Território no Instituto Politécnico de Coimbra cujo total de vagas foi reduzido a metade, fixando-se em 10.

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Contas feitas, há 50.838 lugares para novos alunos no ensino superior, dos quais 57% estão nas universidades. Ou seja, há mais 150 vagas do que no ano passado. Este é, assim, o segundo ano em que o total de vagas do ensino superior sofre um crescimento, depois de quatro anos de contracção.

Para Nuno Mangas, “não seria desejável” um aumento muito maior do que este. A preocupação para o presidente do CCISP é que, mais do que o total de lugares para novos alunos, seja possível aumentar o número de candidatos. No ano passado, mesmo com um crescimento no número de alunos que queriam entrar no ensino superior – 49.655, mais 2,8% do que no ano anterior  – ainda sobraram 8022 vagas no final da primeira fase do concurso.

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“As universidades têm hoje uma resposta muito mais adequada às necessidades”, valoriza o presidente do CRUP. Para António Cunha, a empregabilidade “não pode ser o único factor a ter em conta” na definição da oferta do ensino superior, mas as instituições “não podem ficar indiferentes à conjuntura, nem as expectativas da população”, algo que tem sido feito.

O despacho do Governo para a fixação de vagas no ensino superior continha uma outra excepção. A regra estabelecida é a de que um curso só pode funcionar se tiver, pelo menos, 20 lugares para novos alunos. O ministro da Ciência e Ensino Superior, Manuel Heitor, permitiu às instituições localizadas no interior funcionarem com um mínimo de dez vagas.

As universidades e politécnicos podem escolher três cursos que podem funcionar nestes moldes. Quatro instituições usaram esta prerrogativa. A Escola Superior de Tecnologia e Gestão de Oliveira do Hospital do Instituto Politécnico de Coimbra e outros tantos das universidades de Évora, Trás-os-Montes e Alto Douro e das Universidades dos Açores escolheram os três cursos a que tinham direito, ao passo que o Instituto Politécnico de Bragança optou por apenas um.

O concurso nacional de acesso ao ensino superior começa nesta quarta-feira. O prazo de candidatura à 1.ª fase termina a 8 de Agosto. A 11 de Setembro ficarão a conhecer-se os resultados do processo de colocações.