Costa e os incêndios: “Há que ter a humildade de saber corrigir os erros”
O primeiro-ministro disse numa iniciativa do PS que, "mesmo quando o país está melhor, há sempre imprevistos".
O secretário-geral do PS, António Costa, afirmou neste sábado que o país está melhor em termos económicos, mas há que ter a humildade de corrigir os erros cometidos, numa alusão à questão dos fogos florestais.
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O secretário-geral do PS, António Costa, afirmou neste sábado que o país está melhor em termos económicos, mas há que ter a humildade de corrigir os erros cometidos, numa alusão à questão dos fogos florestais.
"Hoje, o nível de confiança dos consumidores está ao nível mais alto de sempre. E essa confiança é um bem fundamental. Mas o facto destes dados serem bons e demonstrarem que o país está melhor, não pode fazer com que percamos a humildade de saber que, mesmo quando o país está melhor, há erros que se cometem e há que ter a humildade de os saber corrigir", afirmou.
Discursando em Fafe, na apresentação do candidato do PS à câmara local, o líder socialista acrescentou que, "mesmo quando o país está melhor, há sempre imprevistos, há que ter a humildade de saber enfrentar. Mas quando esses imprevistos surgem, a atitude correcta não é a de demissão, a atitude correcta é a determinação para os enfrentar e para o vencer".
Para António Costa, as prioridades face às "situações dramáticas das últimas semanas" são "socorrer quem precisa de socorro, apurar todas as responsabilidades para que tudo fique esclarecido, reconstruir aquilo que é necessário reconstruir, mas, sobretudo, evitar que isto volte a acontecer, porque não podemos aceitar que isto volte a acontecer".
O secretário-geral do PS disse, também, que o que é necessário é "resolver os problemas" e não "aproveitar politicamente os problemas".
António Costa defendeu depois a necessidade de o país avançar, "de uma vez por todas", para a resolução da falta de ordenamento florestal. "É por isso que temos de ter a humildade de, uma vez por todas, sermos capazes de nos entendermos sobre os problemas estruturais que todo o país sabe, que todos nós sabemos, que são a verdadeira causa e a verdadeira ameaça aos incêndios florestais, que é a falta de ordenamento da nossa floresta", afirmou.
Ouvidos por algumas centenas de apoiantes, António Costa sublinhou não ser aceitável dizer-se que "o grande problema é as terras estarem ao abandono" e não serem criados instrumentos para que, de uma vez por todas, ou por via associativa, ou por via municipal, ou por via do Estado, as terras abandonadas sejam mobilizadas, porque a floresta tem de ser um valor económico, não pode ser uma ameaça à segurança das pessoas e à segurança dos seus bens.
"De uma vez por todas, doa a quem doer, com todos os protestos que existem, o cadastro tem mesmo de ser feito, porque o país tem de saber quem é proprietário de quê e esses proprietários têm de saber rentabilizar o seu património", insistiu.
Ainda sobre o tema, o líder do socialista recordou que o Governo aprovou, em 21 de Março, o pacote da reforma florestal e que aquilo que podia ser aprovado por decreto-lei já foi concretizado pelo executivo. A concluir, Costa exortou a Assembleia da República a concluir o debate da matéria e a proceder à sua aprovação, para que a reforma se faça e possa haver "uma floresta que sirva todos os portugueses e seja um bem maior para o desenvolvimento da economia nacional".
Mas tarde, em Famalicão, também na apresentação do candidato do PS à câmara local, o secretário-geral socialista voltou a falar na questão da reforma da floresta.
Em entrevista à RTP, na sexta-feira à noite, o secretário de Estado da Coesão e Desenvolvimento, Nelson Souza, afirmou que "até final de Julho" as verbas doadas pelos portugueses chegarão às vítimas dos incêndios. "São dinheiros mais do que públicos, são dinheiros doados pelos portugueses", disse, no mesmo dia em que o líder do PSD acusou o Governo de incompetência na distribuição de fundos.
Neste sábado, foi divulgado o regulamento do REVITA, mecanismo criado pelo Estado para gerir a distribuição das verbas, e que integra sete entidades, para o qual o secretário de Estado promete transparência na sua distribuição.