A vencedora crónica e as “suspeitas do costume”
Com oito troféus em 11 edições, a Alemanha é a favorita no Europeu feminino. Noruega e Suécia, que também já venceram a competição, espreitam uma hipótese para desalojar as alemãs do trono
Desde que a UEFA organizou pela primeira vez um Campeonato da Europa feminino, em 1984, apenas três selecções ergueram o troféu: a Suécia (uma vez, na edição inaugural), a Noruega (1987 e 1993) e a Alemanha (em todas as outras: 1989, 1991, 1995, 1997, 2001, 2005, 2009 e 2013). A 12.ª edição do torneio, que decorre a partir de amanhã na Holanda, tem a novidade de ser o primeiro Europeu feminino alargado a 16 selecções. Mas não haverá grande margem para surpresas, porque a probabilidade de o título continuar em mãos alemãs ou ir parar a uma das outras selecções europeias de topo é elevada.
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Desde que a UEFA organizou pela primeira vez um Campeonato da Europa feminino, em 1984, apenas três selecções ergueram o troféu: a Suécia (uma vez, na edição inaugural), a Noruega (1987 e 1993) e a Alemanha (em todas as outras: 1989, 1991, 1995, 1997, 2001, 2005, 2009 e 2013). A 12.ª edição do torneio, que decorre a partir de amanhã na Holanda, tem a novidade de ser o primeiro Europeu feminino alargado a 16 selecções. Mas não haverá grande margem para surpresas, porque a probabilidade de o título continuar em mãos alemãs ou ir parar a uma das outras selecções europeias de topo é elevada.
“As favoritas são as quatro suspeitas do costume: Noruega, Suécia, França e Alemanha”, previu, em entrevista ao site oficial da UEFA, a anterior seleccionadora alemã, Silvia Neid. Neste lote só ficou de fora a Inglaterra (adversária de Portugal no Grupo D), se olharmos para o top 5 das selecções europeias no ranking da FIFA. “Infelizmente para a França, nunca conquistaram o título, apesar de há vários anos serem consideradas uma das favoritas. Têm jogadoras de primeiro nível e são dotadas tecnicamente. Praticam um futebol inteligente, mas de alguma forma isso nunca foi suficiente. Estou de olho na Espanha e talvez também na Inglaterra. Ambas fizeram progressos extraordinários”, notou Silvia Neid.
Com seis títulos consecutivos, a Alemanha parte como favorita. Se restassem algumas dúvidas, o desempenho das alemãs na qualificação desfê-las: oito vitórias em oito jogos, com 35 golos marcados e zero sofridos. Pelo meio da fase de apuramento, a Alemanha conquistou o ouro olímpico no torneio feminino de futebol nos Jogos do Rio de Janeiro. A trajectória da selecção alemã não foi perturbada pela saída da treinadora Silvia Neid, que a seguir aos Jogos Olímpicos assumiu funções directivas na Federação alemã, cedendo o comando da equipa à ex-internacional germânica Steffi Jones.
“Toda a gente espera que vençamos. É necessária concentração absoluta, trabalho árduo e uma pitada de sorte para conquistar o título. A Alemanha tem esse potencial, mas nada pode dar-se por adquirido. Tudo se resume aos momentos decisivos”, explicou Silvia Neid. E a equipa alemã vai ter um momento decisivo logo a abrir o Euro 2017: enfrenta a Suécia num duelo entre selecções campeãs, na 1.ª jornada do Grupo B. “Algum dia elas vão ter de perder. Estamos bem preparadas e temos vindo a planear uma forma de vencer a Alemanha”, garantiu a seleccionadora sueca, Pia Sundhage.
No Grupo D, juntamente com Portugal, reside a selecção espanhola – que superou a fase de qualificação sem derrotas, tal como a Alemanha, e se destacou por ter o ataque mais concretizador: 39 golos. A equipa de Jorge Vilda, que assumiu o comando técnico em Agosto de 2015, após a desapontante estreia da Espanha em Mundiais (um empate e duas derrotas), tem vindo a percorrer uma trajectória ascendente. Prova disso é a conquista, pela primeira vez, da Algarve Cup, em Março deste ano, com um triunfo na final sobre o Canadá. “A cada dia estamos mais próximos das melhores selecções europeias e mundiais. Queremos continuar a reduzir a diferença e creio que estamos no bom caminho”, sublinhou o técnico espanhol.
França e Islândia, que no Euro 2013 caíram nos quartos-de-final, têm a oportunidade de se redimirem num Grupo C que também inclui Áustria e Suíça, duas selecções estreantes. Mas a postura francesa é cautelosa. “Não acho que dizermos coisas como ‘Vamos ganhar o Europeu’ seja a forma certa de abordar uma competição destas. Temos de ser humildes, mas ao mesmo tempo ambiciosos”, notou Olivier Echouafni.
Em termos de posição no ranking da FIFA, o Grupo A é o mais equilibrado, com três das oito melhores selecções europeias. À anfitriã Holanda juntam-se Noruega e Dinamarca, com a estreante Bélgica a completar as contas. Após uma presença na meia-final em 2009, a selecção holandesa não conseguiu repetir o feito em 2013, ficando-se pela fase de grupos. Mas os adeptos acreditam, e os três jogos da equipa “laranja” na fase de grupos já têm lotação esgotada. O primeiro deles, amanhã frente à Noruega, tem gerado grande expectativa. “Vai ser um dia tenso, não há como o negar. Temos de lidar com isso e fazer a nossa melhor exibição assim que soar o apito inicial”, resumiu a seleccionadora Sarina Wiegman.