Há mais políticos investigados por viagens ao Euro 2016

Um segundo inquérito do DIAP investiga deputados e autarcas por recebimento indevido de viagens, refeições e bilhetes para o Euro 2016, desta vez através da empresa de viagens Cosmos, detida pela Olivedesportos, de Joaquim Oliveira.

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As idas de políticos aos jogos da selecção continuam a dar que falar Reuters/John Sibley

Além do "Galpgate", que envolve os três secretários de Estado demissionários, há uma segunda investigação sobre viagens de políticos ao Euro 2016. A informação foi avançada pela SIC e confirmada ao PÚBLICO pela Procuradora-Geral da República (PGR).

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Além do "Galpgate", que envolve os três secretários de Estado demissionários, há uma segunda investigação sobre viagens de políticos ao Euro 2016. A informação foi avançada pela SIC e confirmada ao PÚBLICO pela Procuradora-Geral da República (PGR).

Entre os políticos investigados, segundo a estação televisiva, estão deputados e autarcas, sendo que este novo inquérito, separado do original, centra-se igualmente em viagens, refeições e bilhetes oferecidos para o Euro 2016, mas desta vez através da empresa de viagens Cosmos. "Confirma-se a existência de outro inquérito onde estão em investigação factos relacionados com viagens, refeições e bilhetes para o Euro2016", afirma a PGR numa nota enviada ao PÚBLICO, sem especificar quem são os investigados e sem confirmar que se trata da agência Cosmos. A matéria "encontra-se em segredo de justiça", acrescenta a pequena nota enviada pela PGR.

Segundo a SIC, este segundo inquérito está mais atrasado do que o chamado "Galpgate", porque os investigadores ainda estão a recolher prova. O "Galpgate" levou à demissão de três secretários de Estado do actual Governo: Rocha Andrade (Assuntos Fiscais), João Vasconcelos (indústria) e Jorge Costa Oliveira (Internacionalização).

Há um ano, quando o caso estourou, também dois dirigentes do PSD acabaram envolvidos na polémica: o actual líder parlamentar, Luís Montenegro, e aquele que vai ser o seu sucessor: Hugo Soares. Os dois (juntamente com o deputado Luís Campos Ferreira) foram ver a final do Euro 2016, num voo da Cosmos, a empresa de viagens da Olivedesportos, de Joaquim Oliveira. Quando a notícia chegou, o PSD demorou a reagir, mas depois chegou o desmentido: os dois reconheceram ter ido, justificando a falta, mas garantiram ter pago tudo quando chegou a factura. O Ministério Público passou pela Cosmos, verificou facturas. E nada mais perguntou.

No Verão passado, houve registo de um outro caso na bancada do PSD: o deputado Cristóvão Norte também viajou para ver um jogo de futebol do Europeu e, tal como os membros do Governo agora arguidos, a convite de um responsável da Galp. Mas, neste caso, através de um amigo da empresa que lhe deu um bilhete. O deputado não justificou a falta. Ao que o PÚBLICO apurou, Cristóvão Norte não foi também ouvido nem notificado pelo Ministério Público sobre este caso.

Para além destes responsáveis do PSD, Passos Coelho, o secretário-geral do sociais-democratas, José Matos Rosa, os três secretários-gerais adjuntos, Luís Vales, Lélio Lourenço e João Montenegro, o deputado eleito pelo círculo da Europa Carlos Gonçalves e o assessor de imprensa António Valle viajaram também para Paris na final da competição. Passos e a comitiva, que viajaram a expensas do partido, ficaram a ver o jogo na bancada do Stade de France, em Saint-Denis - e só um dia depois apareceria um registo fotográfico disso. Na altura, o número de elementos desta delegação foi criticado internamente no PSD por se considerar exagerado. E também por servir de argumento ao PS quando o partido apontou o dedo ao Governo nesta polémica.

Para além dos secretários de Estado e dos deputados, pelo menos dois autarcas viajaram também até França a convite da Galp: os presidentes das câmaras de Sines (Nuno Mascarenhas, do PS) e de Santiago do Cacém (Álvaro Beijinha, da CDU) estiveram em Lyon a 22 de Junho. No primeiro município está uma das duas refinarias da petrolífera e boa parte dos seus trabalhadores mora no segundo concelho.