Investigação longe do PSD, Cosmos e Olivedesportos

A polémica do Verão passado também passou por deputados do PSD e um voo da Cosmos. Mas estes dizem que pagaram. E não houve investigação. Comitiva na final custou 15 mil euros ao partido.

Foto
Hugo Soares, Passos Coelho e Luís Montenegro estiveram na extensa comitiva do PSD na final do Euro Rui Gaudêncio (arquivo)

Não foi só ao Governo que chegou o caso dos convites para ir ao Euro2016. Há um ano, quando o caso estourou, também dois dirigentes do PSD acabaram envolvidos numa polémica. Ao caso, o actual líder parlamentar, Luís Montenegro, e aquele que vai ser o seu sucessor já daqui a 10 dias: Hugo Soares. Os dois (juntamente com o deputado Luís Campos Ferreira) foram ver a final, num voo da Cosmos, a empresa de viagens da Olivedesportos, de Joaquim Oliveira. Quando a notícia chegou, o PSD demorou a reagir, mas depois chegou o desmentido: os dois reconheceram ter ido, justificando a falta, mas garantiram ter pago tudo quando chegou a factura. O Ministério Público  passou pela Cosmos, verificou facturas. E nada mais perguntou.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

Não foi só ao Governo que chegou o caso dos convites para ir ao Euro2016. Há um ano, quando o caso estourou, também dois dirigentes do PSD acabaram envolvidos numa polémica. Ao caso, o actual líder parlamentar, Luís Montenegro, e aquele que vai ser o seu sucessor já daqui a 10 dias: Hugo Soares. Os dois (juntamente com o deputado Luís Campos Ferreira) foram ver a final, num voo da Cosmos, a empresa de viagens da Olivedesportos, de Joaquim Oliveira. Quando a notícia chegou, o PSD demorou a reagir, mas depois chegou o desmentido: os dois reconheceram ter ido, justificando a falta, mas garantiram ter pago tudo quando chegou a factura. O Ministério Público  passou pela Cosmos, verificou facturas. E nada mais perguntou.

No Verão passado, houve registo de um outro caso na bancada do PSD: o deputado Cristóvão Norte também viajou para ver um jogo de futebol do Europeu e, tal como os membros do Governo agora arguidos, a convite de um responsável da Galp. Mas, neste caso, através de um amigo da empresa que lhe deu um bilhete. O deputado não justificou a falta. Ao que o PÚBLICO apurou, Cristóvão Norte não foi também ouvido nem notificado pelo Ministério Público sobre este caso.

Mas houve mais PSD a viajar a 10 de Julho para Paris, para ver a final. Para além de Passos Coelho, seguiram caminho o secretário-geral do PSD, José Matos Rosa, os três secretários-gerais adjuntos, Luís Vales, Lélio Lourenço e João Montenegro, o deputado eleito pelo círculo da Europa Carlos Gonçalves e o assessor de imprensa António Valle. Passos e a comitiva, que viajaram a expensas do partido, ficaram a ver o jogo na bancada do Stade de France, em Saint-Denis - e só um dia depois apareceria um registo fotográfico disso. Na altura, o número de elementos desta delegação foi criticado internamente no PSD por se considerar exagerado. E também por servir de argumento ao PS quando o partido apontou o dedo ao Governo nesta polémica.

Para além dos secretários de Estado e dos deputados, pelo menos dois autarcas viajaram também até França a convite da Galp: os presidentes das câmaras de Sines (Nuno Mascarenhas, do PS) e de Santiago do Cacém (Álvaro Beijinha, da CDU) estiveram em Lyon a 22 de Junho. No primeiro município está uma das duas refinarias da petrolífera e boa parte dos seus trabalhadores mora no segundo concelho. 

A ida dos sete dirigentes do PSD à final do Campeonato da Europa, a 10 de Julho, custou ao partido quase 15 mil euros, segundo dados consultados pelo PÚBLICO. A viagem de apenas um dia foi contratada à agência de viagens e turismo Oriental, que, em duas facturas, cobrou ao PSD 8.455,68 euros pelo serviço. A esse valor há que somar 6265 euros classificados pelo partido como “despesas de representação” na sua listagem de acções relativas a 2016.

Mas antes disso, os sociais-democratas fizeram questão de acompanhar pelo menos dois jogos da selecção nacional na sua sede, na Rua de São Caetano, o que lhes custou 1845 euros. A 14 de Junho, para que 40 pessoas vissem o jogo de Portugal contra a Islândia, alugaram equipamento à Smart Choice – empresa com a qual o PSD trabalha quase em exclusivo para o aluguer de meios audiovisuais – por 922,5 euros e voltaram a fazer o mesmo uma semana depois, para verem o encontro com a Hungria. com D.D.