Marta Soares diz que Costa não está a receber a informação correcta sobre Pedrógão Grande
Jaime Marta Soares defende que tem de existir "coragem" e "honestidade intelectual" para assumir falhas na tragédia de Pedrógão Grande.
O presidente da Liga dos Bombeiros Portugueses disse esta quinta-feira à agência Lusa que as informações que estão a ser dadas ao primeiro-ministro, António Costa, sobre os incêndios, "são com alguma parcialidade".
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O presidente da Liga dos Bombeiros Portugueses disse esta quinta-feira à agência Lusa que as informações que estão a ser dadas ao primeiro-ministro, António Costa, sobre os incêndios, "são com alguma parcialidade".
"Sem me querer imiscuir em discussões político-partidárias, porque não é essa a minha função, entendo que as informações dadas ao primeiro-ministro são com alguma parcialidade. Sinto que não lhe estão a dar informações corretas", afirmou.
Jaime Marta Soares proferiu estas afirmações à margem de uma reunião que teve esta quinta-feira em Pedrógão Grande, com o Instituto nacional de Emergência Médica (INEM) e as corporações de bombeiros daquele concelho e ainda de Figueiró dos Vinhos, Góis e Castanheira de Pera, na sequência das 25 questões colocadas pela presidente do CDS/PP ao Governo, sobre o incêndio que provocou a morte 64 pessoas e ferimentos em mais de 200.
Explicou que, quando se fala num determinado tempo em que entrou a Protecção Civil distrital e nacional, referenciando-se que foi só sete horas depois do início do incêndio, "apetece-me dizer e refiro de forma consciente o que estou a dizer, que a Autoridade Nacional de Protecção Civil (ANPC) deve assumir sempre a sua responsabilidade de comando, haja êxito ou, porventura, inêxito em relação a essas situações".
"Por isso, parece-me que a informação que as informações que estão a ser dadas são de uma certa parcialidade e eu não posso aceitar esse tipo de situações", concluiu, sem concretizar quem é que está a dar essa informação parcial a António Costa.
O presidente da Liga dos Bombeiros Portugueses disse ainda que o Estado falhou no incêndio que começou em Pedrógão Grande no dia 17 de Junho, fogo que provocou a morte a 64 pessoas e mais de 200 feridos.
"Há responsabilidades políticas. O Estado falhou. O Estado falhou, não só neste processo [incêndio de Pedrógão Grande], como em outros. Tem de se analisar tudo isto", afirmou Jaime Marta Soares à agência Lusa. "Não podemos escamotear e não podemos esquecer os responsáveis políticos na área da floresta. Há quase 50 anos que vivemos em democracia e infelizmente os portugueses nunca tiveram a sorte de ver que fossem escolhidas pessoas com competência para a floresta. Os fogos evitam-se, não se combatem", sustentou.
Jaime Marta Soares realçou que as responsabilidades têm que ser apuradas e adiantou que é necessário que todos façam uma profunda reflexão. "A Liga está a fazê-la e só espero que todos a façam com a mesma isenção. Não procurando qualquer tipo de caça às bruxas, a culpa não pode morrer solteira, porque há uma situação muito grave que foi a morte de 64 pessoas. E o apuramento de tudo até às últimas consequências será, no fundo, uma homenagem àquelas pessoas (...) para lhes dizer que a morte deles não foi em vão e que cada responsável, na sua área de intervenção tem que assumir", disse.
O presidente da Liga de Bombeiros Portugueses realçou que o papel de todos os agentes envolvidos foi importante e que todos deram o seu melhor para solucionar o "grave problema" que foi o incêndio de Pedrógão Grande. "Algo de anormal se passou", frisou.
Jaime Marta Soares admitiu que "muitas vezes" há falhas, "tanto humanas como técnicas", mas há que ter "a coragem e a honestidade intelectual para, se falharam esses equipamentos, assumir que falharam". "E não tenho dúvidas que falharam", concluiu.