Em Varsóvia, Trump apoia NATO e interroga-se sobre futuro do Ocidente

Presidente dos EUA pede aos europeus que sigam exemplo de empenho da Polónia. "A questão fundamental do nosso tempo é saber se o Ocidente tem a vontade necessária para sobreviver", afirmou.

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Carlos Barria/Reuters

Num discurso em Varsóvia, em que afirmou que o Ocidente enfrenta ameaças existenciais, o Presidente norte-americano, Donald Trump, garantiu o empenho dos Estados Unidos na defesa colectiva dos países-membros da NATO, mas voltou a insistir que a Europa – a exemplo do que já acontece com a Polónia – “tem de fazer mais” pela sua própria protecção.

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Num discurso em Varsóvia, em que afirmou que o Ocidente enfrenta ameaças existenciais, o Presidente norte-americano, Donald Trump, garantiu o empenho dos Estados Unidos na defesa colectiva dos países-membros da NATO, mas voltou a insistir que a Europa – a exemplo do que já acontece com a Polónia – “tem de fazer mais” pela sua própria protecção.

“Os Estados Unidos já demonstraram, não meramente por palavras mas por acções, que apoiam firmemente o Artigo 5.º” do Tratado do Atlântico Norte, afirmou Trump na praça Krasinski, no centro da capital polaca. Desde a criação da NATO, nenhum Presidente americano se distanciou deste pilar da política externa de Washington, mas em Maio, na sua primeira visita à Europa, Trump não fez qualquer referência ao Artigo 5.º, optando por um discurso de confronto com os parceiros, a quem instou a aumentar os seus gastos com defesa – uma exigência que repetiu agora. “As palavras são fáceis, mas as acções são aquilo que importa quando se trata da nossa protecção”, afirmou, num recado a países como a Alemanha, anfitriã da cimeira do G20.

Na véspera de se encontrar com Vladimir Putin, o Presidente americano proferiu algumas das palavras mais duras que já se lhe ouviram sobre a Rússia, acusando o país de “acções desestabilizadoras na Ucrânia e noutras regiões” e de “apoiar regimes hostis, incluindo na Síria e no Irão”. Uma mensagem claramente destinada a tranquilizar a Polónia, para onde Washington enviou já este ano reforços militares, mas que não agradou ao Kremlin, que recusou o rótulo de “desestabilizador” e disse esperar que a reunião de sexta-feira em Hamburgo sirva para que os dois Presidentes “se conheçam e compreendam a abordagem de cada um sobre as relações bilaterais”.

Elogio à Polónia

Falando frente ao monumento que recorda o Levantamento de Varsóvia – quando, em 1944, a resistência polaca tentou pôr fim à ocupação nazi –, e depois de lembrar a resistência polaca ao comunismo, Trump apresentou o país como um exemplo para os outros parceiros, não só por respeitar os compromissos com os gastos militares (2% do PIB, meta cumprida apenas por um punhado dos aliados) mas também pela defesa dos “valores ocidentais”.

“Como a experiência polaca nos mostra, a defesa do Ocidente não depende só dos meios, mas também da vontade do seu povo para vencer”, um povo que “nunca esqueceu quem é” nem os valores que professa. “A questão fundamental do nosso tempo é saber se o Ocidente tem a vontade necessária para sobreviver”, afirmou Trump, cuja agenda está muito mais próxima dos ultraconservadores do Partido Direito e Justiça (PiS) no poder em Varsóvia do que dos países da Europa Ocidental. “Teremos respeito suficiente pelos nossos cidadãos para proteger as nossas fronteiras? Temos o desejo e a coragem para preservar a nossa civilização dos que a querem subverter ou destruir?”, questionou o líder republicano, perante os aplausos dos dirigentes polacos na plateia, os mesmo que rejeitam a participação de Varsóvia no esquema europeu de distribuição de refugiados ou aprovaram leis para restringir a liberdade de imprensa.

Entre as ameaças, o Presidente americano destacou o “terrorismo radical islâmico” – as nossas fronteiras estarão sempre fechadas ao extremismo – mas também a erosão dos valores tradicionais e, numa farpa aparentemente dirigida à União Europeia, a “burocracia governamental que suga a vitalidade e a força de um povo”.