Gigantes tecnológicos chineses cedem à pressão governamental
Centenas de plataformas online foram encerradas e milhares de jornalistas e artistas a trabalhar nos sites foram despedidos no curso de uma "limpeza" à Internet. A Weibo e a Alibaba estão entre as empresas a colaborar com as autoridades.
Na China, a regulação dos media online intensifica-se: vários dos gigantes tecnológicos do país (entre os quais a Alibaba, a Weibo, a Tencent e a Baidu) aceitaram as exigências do Governo para promover as opiniões do Estado na Internet e encerrar centenas de plataformas de vídeo online com conteúdo considerado impróprio pelas autoridades.
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Na China, a regulação dos media online intensifica-se: vários dos gigantes tecnológicos do país (entre os quais a Alibaba, a Weibo, a Tencent e a Baidu) aceitaram as exigências do Governo para promover as opiniões do Estado na Internet e encerrar centenas de plataformas de vídeo online com conteúdo considerado impróprio pelas autoridades.
Segundo o comunicado, emitido na quarta-feira pelo Ministério de Cultura do país, a colaboração com empresas de media e fornecedoras de aplicações móveis já permitiu a identificação e despedimento de mais de dez mil jornalistas e artistas online que estariam a publicar conteúdo considerado impróprio, e o encerramento de cerca de 300 plataformas de partilha de vídeo na Internet.
A popularização de plataformas online na China tem servido para alguns cidadãos exporem fraquezas do Partido Comunista através de vídeos. Porém, desde o início do mês que o Governo apertou o controlo da Internet. Na semana passada, a autoridade de regulação dos media chineses – a SAPPRFT – já tinha ordenado o bloqueio da função de streaming (transmissão de vídeos e áudio online) em três das grandes plataformas online a funcionar no país (a rede social Weibo, o site de notícias iFeng, e o site de partilha de vídeos ACFUN) por permitirem a publicação de programas de opinião longos com conteúdo considerado impróprio pelo Governo e não terem licenças adequadas para transmitir conteúdo audiovisual (algo que não tinha sido um problema até então).
Na altura, a Weibo – que tem mais de 340 milhões de utilizadores – emitiu um comunicado a dizer que tinha a intenção de “cooperar por inteiro com as autoridades”. Esta quarta-feira, a rede social confirmou que “aceita as criticas adoptadas pelo Governo” e anuncia que os vídeos com mais de 15 minutos serão banidos. A Weibo também se comprometeu a colaborar com os órgãos de media oficias – como a agência de notícias Xinhua – para promover informação considerada útil pelo Governo.
Há sites que estão a tomar medidas preventivas. No domingo, a aplicação de partilha de vídeos chinesa Bilibili avisou, em comunicado, que no próximo mês passa a ser obrigatório enviar uma prova da identificação (uma fotografia do passaporte ou BI no caso de estrangeiros e emigrantes chineses) para publicar vídeos no site. Deste modo, torna-se mais fácil identificar os utilizadores que publiquem conteúdo considerado impróprio ou ilegal.
O objectivo das regulações da SAPPRFT é “trabalhar na criação de um espaço online mais limpo”. Esta limpeza da Internet começou no início de Junho com o encerramento de dezenas de sites e blogues dedicados a celebridades, depois da entrada em vigor de uma nova lei de cibersegurança que aumenta o controlo do Governo na Internet e obriga os fornecedores de media online a terem uma licença aprovada pelas autoridades.
As medidas chegam a tempo da 19.ª reunião do Congresso Nacional Popular da China – onde os partidos presentes elegem a liderança do Partido Comunista da China – que terá lugar este Outono.