Ciberataque paralisa Ucrânia e atinge várias empresas europeias

Rede de comunicações do Governo de Kiev está em baixo. Aeroporto da capital alerta para atrasos. Há empresas de outros países afectadas, temendo-se uma nova vaga de ransomware.

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A empresa nacional de electricidade Ukrenergo é uma das afectadas Valentyn Ogirenko/REUTERS

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A Ucrânia está nesta terça-feira sob um ciberataque de proporções ainda desconhecidas. Esta tarde, e citado pela Reuters, um conselheiro do Ministério do Interior ucraniano afirmava que a acção foi perpetrada com recurso a uma versão modificada do WannaCry, o vírus no centro do recente ataque global de ransomware (sequestro de sistemas informáticos a troco de dinheiro).

Nas últimas horas, a Reuters deu conta de que, na sequência desse ataque, o aeroporto de Kiev ficou sem sistema informático – obrigando os responsáveis a alertar para possíveis atrasos –, tal como o Governo, cuja rede de comunicações também está em baixo, segundo informou o vice-primeiro-ministro ucraniano em declarações citadas pela Reuters.

“Nós também estamos com a rede em baixo”, escreveu o número dois do governo de Kiev, Pavlo Rozenko, numa mensagem no Twitter, acompanhada de uma fotografia de um ecrã de computador que exibe uma mensagem de erro.

Não há informações sobre a dimensão do ataque, mas sabe-se que o construtor ucraniano de aviões Antonov, foi atacado, bem como o maior produtor russo de combustível, a empresa Rosneft.

“Os servidores da empresa foram alvo de um poderoso ciberataque”, disseram responsáveis da perolífera, via Twitter, nessa mesma rede social.

Também a empresa russa Evraz, do sector metalúrgico e de produção de aço, disse estar sem sistema informático pela mesma razão.

Em Kiev, o director do principal aeroporto que serve a capital também alertou para eventuais atrasos devido às consequências do ciberataque, que afectou os sistemas informáticos daquela infra-estrutura.

Segundo a Reuters, também a companhia estatal de distribuição eléctrica e alguns bancos foram alvo deste ataque. Na Dinamarca, a empresa de transporte marítimo A.P.Moller-Maresk revelou que também ela está sem rede informática nesta terça-feira, em diversas regiões, devido a um ciberataque. “Podemos confirmar que a causa foi um ciberataque”, disse uma porta-voz da empresa. Não se sabe se estará relacionado com o mesmo ataque que está a paralisar a Ucrânia.

Também a agência de publicidade britânica WPP disse ter sido alvo de um ataque informático. O terminal de contentores do porto de Roterdão também terá sido afectado, de acordo com uma televisão local, citada pela Reuters.

Apesar de não estar afastada a possibilidade de se tratar de um ataque de natureza criminosa com origem num país terceiro, a Ucrânia é apontada actualmente como o “campo de experiências” russo para uma ciberguerra global. Há precisamente uma semana, a revista Wired publicou uma reportagem que relata os múltiplos casos de ciberataques que tem afectado o país em diferentes sectores nos últimos três anos.

“Actualmente, na Ucrânia, a quintessência do cenário de ciberguerra tornou-se realidade”, com “um ataque em contínuo nos últimos três anos, algo como o mundo nunca vira antes”. “Um exército de hackers tem sabotado de forma sistemática particamente todos os sectores da Ucrânia, dos media às finanças, transportes, serviços militares, políticos e energéticos”, descreve a Wired. “É praticamente impossível encontrar uma área neste país que não tenha sido já vítima de um ciberataque”, afirma Kenneth Geers, um embaixador da NATO e especialista em cibersegurança.

Mais elucidativo foi o discurso do próprio Presidente ucraniano, em Dezembro de 2016, quando Petro Poroshenko disse que nos dois meses anteriores tinham sido registados 6500 ciberataques a 32 alvos ucranianos. O Presidente culpou a Rússia, sem meias palavras, indicando que a investigação feita em casa apontava para “um envolvimento directo ou indirecto dos serviços secretos russos”, no que qualificou com uma ciberguerra desencadeada contra a Ucrânia.

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