Não houve suicídios. Passos disse o que ouviu do provedor
"Fui eu que dei ao dr. Passos Coelho uma informação errada. Peço-lhe desculpas por isso", assume provedor da Santa Casa do Pedrógão. Passos disse, mas não confirmou.
Foi o provedor da Santa Casa da Misericórdia quem disse ao líder do PSD que teria havido suicídios em Pedrógão Grande. "Tenho de pedir desculpa porque julguei que a informação era fidedigna e, afinal, não era", disse ao PÚBLICO João Marques. "Felizmente não se confirma nenhum suicídio, ao contrário do que eu disse ao dr. Passos Coelho. Peço-lhe desculpas públicas por isso", tinha já antes tido ao Expresso.
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Foi o provedor da Santa Casa da Misericórdia quem disse ao líder do PSD que teria havido suicídios em Pedrógão Grande. "Tenho de pedir desculpa porque julguei que a informação era fidedigna e, afinal, não era", disse ao PÚBLICO João Marques. "Felizmente não se confirma nenhum suicídio, ao contrário do que eu disse ao dr. Passos Coelho. Peço-lhe desculpas públicas por isso", tinha já antes tido ao Expresso.
O que o provedor diz é que foi "induzido em erro por uma fonte oficial", que prefere não revelar. Lamenta, por isso, "ter induzido em erro o dr. Passos Coelho". Questionado sobre se existiram tentativas de suicídio, João Marques assegurou que "houve dois ou três casos confirmados, mas que felizmente se ficaram pelas tentativas". O provedor – que será o candidato do PSD à Câmara Municipal de Pedrógão, depois de já ter liderado a autarquia entre 1997 e 2013 – disse também que há casos de "manifestações suicidárias de mais algumas pessoas, que dizem que têm essa intenção". O provedor insiste que "perante uma tragédia desta dimensão" é preciso reforçar o apoio psicológico às vítimas.
Na sequência do sucedido, João Marques admite que “houve uma grande irresponsabilidade”, mas afirma que se vai manter no cargo da Santa Casa e como candidato pelo PSD à autarquia. O provedor frisou que não considera que a transmissão de uma informação por confirmar "seja uma irresponsabilidade" tal "que implique uma solução tão radical".
A verdade é que o líder do PSD transmitiu sem confirmar o que tinha ouvido. Quando falava aos jornalistas, no final da sua visita ao concelho afectado pela tragédia, Passos disse que o Estado tinha falhado - e continuava a falhar - no apoio às pessoas, dando os suicídios como prova desse falhanço. Depois, face aos desmentidos oficiais que choveram (da câmara municipal, da ARS, por exemplo), o líder procurou falar com o provedor para perceber se a informação de confirmava ou não. Só depois das 16h, quase três depois das declarações de Passos, João Marques se disponibilizou para falar com os jornalistas, assumindo a culpa da informação.
Mas as certezas de Passos começaram a ser postas em causa mesmo enquanto ele falava com os jornalistas, na sede dos bombeiros do concelho. Quando os jornalistas pediram para que fosse mais específico quanto à informação dos suicídios, um deputado do PSD diz a Passos que a informação "não se confirma". E Passos vira-se para trás, perguntando: "Não se confirma?". A seguir, virado para os jornalistas, o líder social-democrata explicou que essa informação lhe tinha sido transmitida "por um familiar", pelo que não tinha duvidado dela.
Passos Coelho vai esta tarde à apresentação da candidatura de Fernando Seara à Câmara de Odivelas e deverá falar sobre o assunto.