O que há nas águas da Antárctida? Medicamentos e cocaína
A cocaína é um dos componentes encontrados com valores de concentração semelhantes aos que se costumam registar em rios europeus.
Cafeína, paracetamol, ibuprofeno e cocaína: todos estes elementos estão presentes nas águas da Antárctida. A informação provém do primeiro estudo sobre a presença de medicamentos e drogas ilegais realizado naquela região, que é visitada anualmente por milhares de turistas. Os valores da presença daquelas substâncias – indica a investigação – são próximos daqueles que se vão registando em estudos semelhantes nas águas do continente europeu.
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Cafeína, paracetamol, ibuprofeno e cocaína: todos estes elementos estão presentes nas águas da Antárctida. A informação provém do primeiro estudo sobre a presença de medicamentos e drogas ilegais realizado naquela região, que é visitada anualmente por milhares de turistas. Os valores da presença daquelas substâncias – indica a investigação – são próximos daqueles que se vão registando em estudos semelhantes nas águas do continente europeu.
“A presença humana está a introduzir contaminantes que já foram analisados e, em função da sua toxicidade, persistência ou bioacumulação, podem causar danos no ecossistema antárctico”, afirmou Yolanda Valcárcel, investigadora da Universidade Rey Juan Carlos de Madrid e co-autora do estudo, ao jornal El País.
Os investigadores pretendem analisar a possibilidade de estes componentes detectados causarem danos na fauna da Antárctida. “As condições climatéricas são especiais no continente antárctico”, afirmou Luis Moreno, co-autor do estudo, citado pelo El País.
O investigador explicou que o frio extremo que se sente naquela região “pode retardar ou impedir os processos de degradação bacteriana e a foto-degradação” dos componentes encontrados. Caso esta situação se verificar, as substâncias encontradas “podem ficar concentradas na água e na cadeia alimentar” da fauna que ali se encontra, disse Moreno.
Em um dos dez locais de análise foi encontrado o principal metabólito da cocaína, com valores de concentração semelhantes aos que se costumam registar em rios espanhóis, belgas, italianos ou britânicos, onde o volume populacional é muito superior ao da Antárctida. Os investigadores explicam que esta presença se poderá justificar com “o consumo ocasional mesmo que seja fora da área analisada”, aconselhando a monotorização contínua devido a “potenciais riscos” que podem constituir para os ecossistemas aquáticos.
Analgésicos e anti-inflamatórios foram os componentes com maior concentração, de acordo com o estudo publicado no Environmental Pollution. A investigação foi feita com o objectivo de encontrar nas águas antárcticas a presença de 25 medicamentos e outras 21 substâncias ilegais, sendo que se confirmaram 12 dessas substâncias. As amostras foram retiradas de córregos, lagoas, drenos e reservas de águas residuais não tratadas, por cientistas do Instituto Geológico e Mineiro da Universidade Autónoma de Madrid em parceria com o Instituto Nacional da Água da Argentina.