Pedrógão: Passos diz que "não vale a pena acenar com caça às bruxas"

"Hoje já sabemos que alguma coisa não correu bem para acontecer o que aconteceu e, portanto, não devíamos desdramatizar na altura, como não podemos desdramatizar agora", diz o líder do PSD.

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LUSA/JOSÉ COELHO

O presidente do PSD afirmou hoje que "não vale a pena acenar com caça às bruxas" quanto à tragédia de Pedrógão Grande e defendeu que o Estado deve ter "uma acção consequente de reparação do que se passou".

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O presidente do PSD afirmou hoje que "não vale a pena acenar com caça às bruxas" quanto à tragédia de Pedrógão Grande e defendeu que o Estado deve ter "uma acção consequente de reparação do que se passou".

"Não vale a pena vir acenar com caça às bruxas, não vale a pena querer sacudir a água do capote, não vale a pena desdramatizar. (…) Nós precisamos de ter uma resposta efectiva e os partidos têm uma obrigação de dizer que o Estado não deixará de ter uma palavra e uma acção consequente de reparação daquilo que se passou", afirmou Pedro Passos Coelho na apresentação de candidatura de António Silva Tiago à Câmara Municipal da Maia, distrito do Porto.

E acrescentou: "Hoje já sabemos que alguma coisa não correu bem para acontecer o que aconteceu e, portanto, não devíamos desdramatizar na altura, como não podemos desdramatizar agora".

A ministra da Administração Interna afirmou hoje que tirará "as devidas ilações" caso a comissão de peritos independentes que vai investigar o incêndio de Pedrógão Grande, que provocou pelo menos 64 mortos, conclua que houve falha dos serviços que tutela.

Em entrevista ao Diário de Notícias e à TSF, hoje divulgada, Constança Urbano de Sousa, responde desta forma à pergunta se pensa demitir-se caso esta comissão, proposta pelo PSD e aceite pelo Governo, determine que houve responsabilidades da tutela.

Para o líder do PSD, "quem exerce funções públicas não só deve estar à disposição dos outros, como deve fazer tudo ao seu alcance para que os poderes públicos possam funcionar, mesmo que em circunstâncias muito adversas ou imprevistas".

"E todos temos bem presente como isso é relevante, sobretudo no período em que ainda temos bem presente os resultados do que aconteceu em termos trágicos numa zona do país que nenhum de nós aqui pode esquecer. Mas sabendo que alguma coisa não funcionou no Estado na resposta que era preciso dar em situação de emergência como aquela que foi vivida", assinalou.

Por isso mesmo, e sem nunca nomear responsáveis, Passos Coelho reiterou que "quem está em funções públicas, portanto, tem de estar sempre disponível para servir, mas também para assumir a responsabilidade pela resposta que tem que ser dada".

"Eu disse algumas vezes que haveria o momento próprio para se assumirem responsabilidades públicas e políticas nestas matérias. E garanto-vos que esse dia chegará e eu não esqueci que devemos aos portugueses essa satisfação. Mas hoje já sabemos que alguma coisa não correu bem para acontecer o que aconteceu e portanto não devíamos desdramatizar na altura, como não podemos desdramatizar agora", salientou.

Para o social-democrata, é necessário também garantir às populações "que uma resposta será dada para que se saiba o que aconteceu e também para que, em termos de reparação, o Estado, que não esteve onde era preciso quando a tragédia bateu à porta, esteja onde é preciso agora que as pessoas merecem a reparação que é devida para reconstruírem as suas vidas".

"O respeito perante os portugueses leva-nos portanto a dizer que não esqueceremos o papel que o Estado deve exercer, dando a explicação devida sobre o que se passou, mas também acudindo às pessoas que precisam da reparação do Estado, sem que tenham que aguardar um caminho tortuoso até que aquilo a que têm direito possa chegar à sua porta", salientou.

O Presidente da República pediu sábado, num artigo no Expresso, que seja "mesmo tudo" apurado, rapidamente sobre causas e resposta ao incêndio desta semana em Pedrógão Grande, "no plano técnico, como no institucional".

O incêndio que deflagrou há uma semana, em Pedrógão Grande, no distrito de Leiria, provocou pelo menos 64 mortos e mais de 200 feridos.

O fogo atingiu também os concelhos de Castanheira de Pera e Figueiró dos Vinhos, no distrito de Leiria, e chegou aos distritos de Castelo Branco, através da Sertã, e de Coimbra, pela Pampilhosa da Serra, mas foi dado como dominado na quarta-feira à tarde e extinto no sábado.