Veneto Banca e Popolare di Vicenza fecham portas mas Itália evita resolução
BCE permite intervenção de dinheiro público. Banco Intesa fica com os melhores activos
O fecho de bancos não está na agenda oficial do encontro internacional organizado pelo Banco Central Europeu (BCE) que se inicia esta segunda-feira em Sintra, mas será certamente um assunto em debate.
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O fecho de bancos não está na agenda oficial do encontro internacional organizado pelo Banco Central Europeu (BCE) que se inicia esta segunda-feira em Sintra, mas será certamente um assunto em debate.
Depois de o Santander ter comprado o rival Popular por um euro (mas com um aumento de capital de sete mil milhões), após o BCE ter considerado que este estava em risco de cair, agora é a vez de dois bancos italianos problemáticos, o Veneto Banca e o Banca Popolare di Vicenza.
Esta sexta-feira, ao final do dia, o BCE considerou que as duas instituições “eram inviáveis ou tinham probabilidade de sê-lo”, sem capacidade de cumprir com os requisitos mínimos de capital tendo em conta que os bancos, apesar de vários alertas, tinham “incumprido repetidamente os requisitos de capital". Por outro lado, o regulador, liderado por Mario Draghi, considerou, tal com o Mecanismo Único de Resolução, que não era necessário aplicar as medidas de resolução, algo que envolveria, por exemplo, os valores acima de 100 mil euros depositados nas instituições.
Segundo as duas entidades, os bancos em causa podem ser liquidados de acordo com as regras de insolvência em vigor em Itália, até porque nenhum deles é responsável por “funções críticas” e o seu encerramento não deverá provocar um “impacto adverso significativo na estabilidade financeira”.
De acordo com a Reuters, o plano de Itália vai envolver o banco Intesa Sanpaolo, o maior do país por capitalização bolsista, que comprará, provavelmente por um preço simbólico, os melhores activos dos dois bancos. O resto ficará num “banco mau” (à semelhança do que aconteceu, por exemplo, no caso do Santander com o Banif).
Os accionistas e os detentores de obrigações júnior os seus investimentos, mas o Estado é chamado a intervir sem que mais ninguém seja envolvido. As autoridades italianas temiam que os obrigacionistas de dívida sénior e os maiores depositantes fossem também alvo de perdas, tal como está previsto actualmente nas medidas de resolução.
De acordo com a Reuters, a factura do Estado está ainda por determinar (tal como ainda se desconhecem os pormenores do plano), mas pode ir dos 5000 mais 12.000 milhões de euros.
Ainda segundo a Reuters, que cita uma fonte não identificada, o Veneto Banca e o Banca Popolare di Vicenza vão abrir as portas de forma normal na segunda-feira, uma vez que a solução encontrada evita o colapso das instituições, cujos depósitos estavam a diminuir cada vez mais.