Três perguntas a Miguel Dias
É um dos directores do Curtas, um dos três membros fundadores que se mantêm à frente do festival de Vila do Conde, ao lado de Mário Micaelo e de Nuno Rodrigues, e fala em nome do colectivo.
Miguel Dias é um dos directores do Curtas, um dos três membros fundadores que se mantêm à frente do festival de Vila do Conde, ao lado de Mário Micaelo e de Nuno Rodrigues. Falando em nome do colectivo da direcção, faz um pequeno balanço da história do evento, e perspectiva o futuro, que – diz – é sempre incerto.
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Miguel Dias é um dos directores do Curtas, um dos três membros fundadores que se mantêm à frente do festival de Vila do Conde, ao lado de Mário Micaelo e de Nuno Rodrigues. Falando em nome do colectivo da direcção, faz um pequeno balanço da história do evento, e perspectiva o futuro, que – diz – é sempre incerto.
Qual foi a principal conquista na história de 25 anos do festival?
Foi, em primeiro lugar, conseguir continuar a existir. Foi também participar em toda a história recente do cinema português, com um papel activo no seu desenvolvimento. Mas também foi a regeneração urbana verificada em Vila do Conde. Foi a partir do festival que se começou a pensar na remodelação do antigo Teatro Neiva, na ocupação de um antigo edifício para instalar a Solar - Galeria de Arte Cinemática. E foram ainda todos os outros projectos que surgiram paralelamente ao festival, a começar pela criação da Agência da Curta-Metragem.
E qual foi o momento que agora recorda simbolizando a história do festival?
É evidente que há vários momentos. Mas vou citar dois, ou três. O primeiro, um momento talvez determinante, foi aquele, no final da primeira edição do festival, em 1993, quando do Instituto do Cinema e Audiovisual – que na altura tinha outro nome, de que não me lembro agora –, depois de termos tido 2 mil contos [10 mil euros] de prejuízo, num orçamento previsto de 5 mil [25 mil euros], nos chamaram a Lisboa e resolveram pagar para colmatar esse prejuízo. É um momento interessante. Se isso não tivesse acontecido, e com a necessidade que tínhamos de pagar a dívida, se calhar teríamos acabado ali, e nada disto teria depois existido.
Outro momento foi quando resolvemos criar a competição nacional, à terceira edição, em 1995. Isso deu uma importância ao cinema português que foi sempre crescendo, e que, efectivamente, é hoje uma imagem de marca do Curtas. E aquilo de que as pessoas mais falam, e mais esperam, é saber qual é a selecção dos filmes portugueses a cada edição.
E há um terceiro momento também importante, e que já referi atrás, que foi a passagem do festival para este edifício do Teatro Municipal, que deu ao festival o potencial de crescimento que temos hoje.
Qual é o principal desafio para o futuro?
É sempre conseguir crescer, mas de forma sustentada. O que significa que o principal desafio é, sobretudo, assegurar o financiamento. Porque o próximo festival nunca está verdadeiramente garantido, nunca é uma coisa que possamos ter como adquirida.