Deputados do PSD acusam Marcelo de atenuar responsabilidades em Pedrógão Grande

Sociais-democratas indignados com actuação do Governo e exigem intervenção do próprio partido para que tudo seja esclarecido.

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O próprio vice-presidente da bancada, Hugo Soares, lançou dúvidas sobre os números oficiais de feridos e de desaparecidos RG Rui Gaudencio

Foi uma reunião muito quente a da bancada do PSD desta quinta-feira de manhã, a primeira desde a tragédia de Pedrógão: não faltaram críticas ao Governo nem ao Presidente da República por, num primeiro momento, afirmaram deputados sociais-democratas, ter branqueado as responsabilidades das autoridades.

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Foi uma reunião muito quente a da bancada do PSD desta quinta-feira de manhã, a primeira desde a tragédia de Pedrógão: não faltaram críticas ao Governo nem ao Presidente da República por, num primeiro momento, afirmaram deputados sociais-democratas, ter branqueado as responsabilidades das autoridades.

Segundo relatos feitos ao PÚBLICO, vários parlamentares do PSD não esconderam a indignação e revolta por aquilo que aconteceu na zona de Pedrógão Grande e pela forma como o Governo, alegam, tem feito “aproveitamento político” da situação. Na reunião da bancada no Parlamento, que decorreu à porta fechada, os sociais-democratas criticaram a presença da ministra da Administração Interna, Constança Urbano de Sousa em briefings sobre os incêndios e até o facto de o secretário de Estado Jorge Gomes fazer essas conferências de imprensa, em vez do comando nacional da Protecção Civil.

Na reunião, alguns deputados deram o seu testemunho sobre situações dramáticas vividas no terreno, em Castanheira de Pera.

Tanto o líder do PSD, Pedro Passos Coelho, como a presidente do CDS, Assunção Cristas, têm-se contido nas apreciações públicas sobre o caso. Mas essa contenção está a chegar ao fim. Os deputados não se coibiram de criticar Marcelo Rebelo de Sousa por considerarem que branqueou a situação. O Presidente da República, no passado sábado, depois de ter chegado a Pedrógão Grande disse que “o que se fez foi o máximo que se poderia ter feito” e que “não era possível fazer mais”.

Os partidos que apoiam o Governo no Parlamento – BE e PCP – também não escaparam à indignação dos sociais-democratas, por terem optado pela discrição. Os deputados do PSD exigiram respostas e esclarecimentos por parte do Governo e querem que o partido tenha uma intervenção visível sobre estes acontecimentos.

O próprio vice-presidente da bancada, Hugo Soares, lançou dúvidas sobre os números oficiais de feridos e de desaparecidos. Numa nota publicada esta quinta-feira de manhã no Facebook, Hugo Soares questionava a evolução rápida dos feridos no momento em que os fogos estavam mais controlados.

No final da reunião, Luís Montenegro, líder da bancada, anunciou o agendamento de um debate para dia 29 sobre as questões que "que apoquentam, inquietam e intrigam” os portugueses em torno da tragédia de Pedrógão Grande. Já esta quarta-feira, na carta que enviou aos restantes líderes parlamentares a propósito da proposta da comissão técnica para apurar o que se passou, Montenegro notou que as justificações que têm sido avançadas “aparentam ser parcelares e empíricas, muitas delas já tendo sido sucessivamente abandonadas para darem lugar a outras diferentes”.

O líder da bancada do PSD assinalou que a imagem que transparece não é de “coordenação, de liderança e de eficiência do sistema”.