Depois do fogo, vários inquéritos à porta
Judiciais, das autoridades e até políticos. São vários os relatórios, perguntas e inquéritos em marcha para apurar o que aconteceu em Pedrógão. Mas ainda não há muitas respostas.
Ainda há muitas dúvidas por responder sobre o que aconteceu naquelas horas fatídicas, desde logo o que aconteceu na Estrada Nacional 236-1 onde morreram dezenas de pessoas que fugiam do incêndio. Para todos os esclarecimentos, o Governo fez várias perguntas a entidades responsáveis e admite agora um inquérito final sobre o assunto, além de abrir portas à “comissão independente” pedida pelo PSD.
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Ainda há muitas dúvidas por responder sobre o que aconteceu naquelas horas fatídicas, desde logo o que aconteceu na Estrada Nacional 236-1 onde morreram dezenas de pessoas que fugiam do incêndio. Para todos os esclarecimentos, o Governo fez várias perguntas a entidades responsáveis e admite agora um inquérito final sobre o assunto, além de abrir portas à “comissão independente” pedida pelo PSD.
“Haverá necessariamente um inquérito final que será realizado quando todas as ocorrências tiverem terminado”, disse nesta quinta-feira o primeiro-ministro na conferência de imprensa do Conselho de Ministros. António Costa mostrou “total abertura e disponibilidade” para colaborar na comissão independente proposta pelo líder parlamentar do PSD, Luís Montenegro.
Do ponto de vista político, haverá esta comissão independente, que também conta com o apoio do PS. Carlos César respondeu por carta a Montenegro mostrando “concordância” para “a criação de uma comissão técnica independente”, com uma composição e estrutura que será ainda combinada entre os partidos. Além desta comissão, o PSD terminou as tréguas e diz que vai levar o assunto à Assembleia da República, na próxima quinta-feira, dia 29.
Além desta averiguação, o primeiro-ministro fez perguntas ao Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), GNR e Autoridade Nacional de Protecção Civil, a única das três entidades que ainda não respondeu. Na sua resposta, a GNR admitiu que depois do corte do IC8 encaminhou várias pessoas para a EN 236-1, no sentido Sul-Norte, mas ainda não se sabe se houve pessoas que morreram por causa desse encaminhamento.
“É essencial apurar cabalmente tudo o que aconteceu, as suas causas e consequências”, disse António Costa. Para isso, o Executivo pediu ainda um estudo ao especialista em incêndios Domingos Xavier Viegas.
Mas há outros inquéritos a correr ao mesmo tempo. Do ponto de vista criminal, a Polícia Judiciária continua a investigar as causas do incêndio e irá até ouvir o presidente da Liga dos Bombeiros Portugueses, Jaime Marta Soares, que acredita que o incêndio tem mão humana. Para isso, garante a procuradora-geral da República, o "Ministério Público esteve presente, no teatro das operações, desde o início, na perspectiva de exercer com rapidez as suas competências. Todos os elementos da Polícia Judiciária, Instituto de Medicina Legal e demais instituições presentes tinham contacto, directo, com os magistrados do MP que estiveram, aliás, desde domingo e segunda-feira, não só contactáveis como mesmo presentes em alguns desses sítios", disse Joana Marques Vidal.
Mas os inquéritos podem não ficar por aqui. No ano passado, a Inspecção-Geral da Administração Interna abriu um inquérito ao incêndio em São Pedro do Sul e não foi posta de parte a possibilidade de haver um novo inquérito desta vez ao que aconteceu em Pedrógão.
Além dos inquéritos, há várias equipas a avaliar os estragos e perdas nas autarquias, Segurança Social, florestas, agricultura e também técnicos do Instituto de Habitação e Reabilitação Urbana. O Governo admitiu ainda socorrer-se da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura para fazer uma avaliação independente.