Autópsias das vítimas identificadas do incêndio de Pedrógão já foram concluídas, diz ministra

Ainda há cadáveres depositados no INML porque falta identificar algumas vítimas.

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Francisca Van Dunem visitou o Instituto Nacional de Medicina Legal para "balanço de actividade" LUSA/TIAGO PETINGA

A ministra da Justiça revelou esta quarta-feira que o Instituto Nacional de Medicina Legal (INML) já concluiu todas as autópsias aos cadáveres recolhidos durante a tragédia de Pedrógão Grande, embora alguns desses corpos estejam ainda por identificar.

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A ministra da Justiça revelou esta quarta-feira que o Instituto Nacional de Medicina Legal (INML) já concluiu todas as autópsias aos cadáveres recolhidos durante a tragédia de Pedrógão Grande, embora alguns desses corpos estejam ainda por identificar.

Em declarações à agência Lusa, após deslocar-se às instalações do Instituto de Medicina Legal em Coimbra para fazer um "balanço da actividade" do INML no seguimento das mortes ocorridas nos incêndios, Francisca Van Dunem congratulou-se com o facto de o INML ter realizado todas as autópsias "num tempo recorde" de 48 horas, mais precisamente entre a madrugada de segunda-feira e às 4h da madrugada desta quarta-feira. 

Segundo a ministra, a conclusão deste trabalho só foi possível graças a uma "enorme coordenação" dos serviços do INML, que juntou pessoas e que "funcionou 24 horas sobre 24 horas". "É manifesto que havia aqui pessoas em estado de exaustão completa porque estavam a trabalhar há mais de 24 horas, conseguindo fazer as autópsias de acordo com todas as regras exigidas por esta arte", afirmou.

Francisca Van Dunem referiu que na madrugada desta quarta-feira estavam as autópsias "todas concluídas", mas que ainda há cadáveres depositados no INML em Coimbra porque ainda falta resolver o problema da identificação. "A identificação está a ser um trabalho em colaboração com a Polícia Judiciária", adiantou a ministra, esclarecendo que essa "identificação judiciária" resulta quer do reconhecimento dos corpos através de familiares das vítimas, quer de informações recolhidas localmente pela PJ sobre os automóveis em que as pessoas estavam ou outros elementos de natureza médico-legal como altura e idade aproximada das vítimas.

De acordo com a ministra, outros factores podem ainda ajudar a PJ a identificar as vítimas autopsiadas. Admitiu que também houve recurso a testes ADN e ao reconhecimento através dos dentes das vítimas. Quanto aos cadáveres cuja identificação ainda não está determinada, Francisca Van Dunem explicou que caso as famílias apareçam a reclamar os corpos será possível extrair material genético para, depois, se realizar o processo de comparação nos casos em que haja dúvida.

Essas amostras dos familiares podem ser recolhidas desde que os familiares se desloquem à delegação do INML mais próximo da sua residência, indicou a ministra.

Francisca Van Dunem disse ainda que foram criados sete postos móveis — Castanheira de Pera, Avelar, Figueiró dos Vinhos, Pedrógão Grande, Ansião, Góis e Pampilhosa da Serra — que permitem que as pessoas que perderam documentos durante os incêndios possam ali tirar o cartão do cidadão. "Em todos estes sítios foram criados postos móveis onde as pessoas se podem dirigir para tirar os documentos", disse Francisca van Dunem.

Para responder aos problemas das pessoas que perderam veículos, alguns deles agrícolas, durante os incêndios e que pretender proceder ao abate dos mesmos, a ministra garantiu que o seu ministério está a trabalhar no sentido de "rapidamente ter um processo simplificado de registo de abate" de veículos, que também poderá ser feito nos postos móveis onde presentemente se podem tirar novos documentos.

O incêndio que deflagrou no sábado à tarde em Pedrógão Grande, no distrito de Leiria, e foi dado como dominado na tarde desta quarta-feira provocou pelo menos 64 mortos e mais de 200 feridos. O fogo começou em Escalos Fundeiros, e alastrou depois a Figueiró dos Vinhos e Castanheira de Pera, no distrito de Leiria. Desde então, as chamas chegaram aos distritos de Castelo Branco, através do concelho da Sertã, e de Coimbra, pela Pampilhosa da Serra.

Este incêndio já consumiu cerca de 30 mil hectares de floresta, de acordo com dados do Sistema Europeu de Informação de Incêndios Florestais.