Fogo alastra em Góis e obriga a evacuar lar de idosos

Algumas pessoas recusaram deixar as aldeias, contou a presidente da câmara.

Foto
Reuters/RAFAEL MARCHANTE

As elevadas temperaturas e vento forte estão a provocar o alastramento do incêndio que lavra no concelho de Góis e que já obrigou à evacuação de três aldeias, originando ainda a retirada de 56 idosos de um lar.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

As elevadas temperaturas e vento forte estão a provocar o alastramento do incêndio que lavra no concelho de Góis e que já obrigou à evacuação de três aldeias, originando ainda a retirada de 56 idosos de um lar.

“A temperatura está altíssima, a subir cada vez mais. Eu desloquei-me a uma das povoações e havia uma localidade em que o vento dobra as árvores de uma tal maneira… Aliás, vê-se pelas estradas, que a quantidade de folhas e de carumas que há por ali fora se deve ao forte vento”, relatou à agência Lusa a presidente da Câmara de Góis, Lurdes Castanheira.

De acordo com a autarca, já foram evacuadas três povoações – aldeias Velha, de Candosa e de Carvalhal do Sapo –, e “inclusive um lar da terceira idade que pertence à Cáritas Diocesana de Coimbra”.

“Esperemos que o fogo não chegue até estas localidades, mas, na eventualidade de chegar, recebemos instruções do Comando [Distrital de Operações de Socorro – CDOS] para se proceder à evacuação”, afirmou.

No caso do lar, está situado na povoação da Cabreira, na União de Freguesias de Cadafaz e Colmeal, e é frequentado por 56 idosos. Todo foram retirados.

“A Câmara mobilizou todos os meios, juntamente com a GNR, o INEM, voluntários, a Segurança Social e trouxemos todos os idosos do lar”, precisou Lurdes Castanheira.

A responsável lamentou, contudo, que alguns residentes das aldeias evacuadas tenham optado por permanecer nas suas habitações.

“Infelizmente, há pessoas que teimam em ficar, não seguem o exemplo de Pedrógão Grande, dizem que têm umas mangueiras, que têm um bocado de água e não conseguimos [tirá-las de lá]”, assinalou.

Reconhecendo que não podem retirar os moradores de suas casas “à força”, a autarca indicou que, “numa das povoações, ficaram lá oito pessoas”.

“Eles entendem que o fogo não vai lá chegar, mas ficou lá uma brigada da GNR a tentar convencer”, notou.

O município de Góis faz fronteira com Pedrógão Grande e Castanheira de Pera, no distrito de Leiria, e com o concelho da Pampilhosa da Serra, no distrito de Coimbra, para onde as chamas progrediram, após deflagrarem no sábado, em Fonte Limpa.

Esta manhã, pelas 8h30, a presidente da Câmara de Góis afirmou à Lusa que o incêndio no concelho de Góis chegou à União de Freguesias de Cadafaz e Colmeal, depois de estar praticamente dominado na freguesia de Alvares.

Lurdes Castanheira falou numa “situação grave” que “pode passar a ser gravíssima”, dadas as dificuldades no combate às chamas.

A responsável adiantou que a Câmara de Góis disponibiliza cerca de 70 camas para desalojados no edifício da residência de estudantes.

A autarquia conta, ainda, com o apoio de entidades como a Santa Casa da Misericórdia de Góis, que disponibilizou 18 camas, a Segurança Social de Coimbra e os Bombeiros Voluntários de Góis.

De acordo com a informação disponibilizada no ‘site’ da Autoridade Nacional de Protecção Civil pelas 12h15, o incêndio em Góis mobilizava 673 operacionais, auxiliados por 233 viaturas e cinco meios aéreos.

Fonte dos Bombeiros Voluntários de Góis disse à Lusa que “a situação está bastante complicada” nas povoações de Cabreira e Colmeal.

A mesma fonte adiantou que “há informações de que o fogo está a chegar perto de casas”, mas não deu mais informações.