Joalheiros inspiram-se em Serralves para uma colecção exclusiva
Associação de Ourivesaria juntou-se a Serralves para promover a joalharia portuguesa.
Uma colecção de joalharia inspirada no espaço do Museu e da Casa de Serralves? Foi esta a ideia que a Associação de Ourivesaria e Relojoaria de Portugal (AORP) teve e se integra na sua estratégia de dar visibilidade ao trabalho dos seus associados. O resultado foi uma parceria com a Fundação de Serralves apresentada nesta terça-feira, à tarde, no Porto.
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Uma colecção de joalharia inspirada no espaço do Museu e da Casa de Serralves? Foi esta a ideia que a Associação de Ourivesaria e Relojoaria de Portugal (AORP) teve e se integra na sua estratégia de dar visibilidade ao trabalho dos seus associados. O resultado foi uma parceria com a Fundação de Serralves apresentada nesta terça-feira, à tarde, no Porto.
Se a ourivesaria portuguesa tem um enorme património e é conhecida pela sua tradição, nos últimos anos houve uma “alteração do paradigma” com a chegada de novos designers, explica Fátima Santos, secretária-geral da AORP. “Por isso fomos ter com Serralves que é um ex libris da arte contemporânea”, continua. À fundação apresentaram várias sugestões de nomes que poderiam criar uma colecção e coube a Serralves fazer a escolha de seis empresas para fazer a Portuguese Jewellery Serralves Special Edition, com peças exclusivas e numeradas.
O desafio pedido aos joalheiros foi o de olhar para o património de Serralves e reinterpretá-lo. E a escolha recaiu sobre seis fabricantes. Três mais antigos e já com dezenas de anos de história, mas que "souberam reiventar-se" – a Alcino Silversmith, que é uma das mais antigas oficinas de prata em Portugal e se inspirou nos jardins de Serralves para desenhar duas taças; a Eleutério, que foi fundada em 1925 e é especialista em filigrana, inspirou-se numa porta de ferro forjado desenhada por Edgar Brandt para criar brincos e colares; e a Monseo que partiu da consola desenhada por Émile-Jacques Ruhlmann para fazer a sua colecção.
Quanto aos outros três designers tratam-se de “marcas mais recentes e com uma vocação internacional”, define a dirigente da AORP. E são: Bruno Rocha que olhou para a janela do Museu de Serralves para desenhar a sua colecção; Liliana Guerreiro que se inspirou nas caixilharias da Casa de Serralves; assim como Luisa Rosas que partiu de um puxador de porta para fazer uma colecção que liga a Casa ao Jardim.
“A minha inspiração foi o Museu de Serralves, do qual um dos pontos de referência é a janela de Siza Vieira”, explica Bruno Rocha. “O meu trabalho foi explorar a janela, uma janela que pode mostrar o que está dentro de nós”, continua. E desenhou tantas peças que teve de fazer uma selecção porque havia o limite de seis por criador.
Diana Vieira da Silva – neta do fundador da Monseo, arquitecta e designer de jóias premiada recentemente com o prémio de design A-Award com a sua colecção Portuguese Story; inspirou-se na consola da casa de jantar da Casa de Serralves para desenhar dois anéis, um par de brincos e um pendente. A arquitecta considera a casa como um “paradigma do design de interiores, onde o luxo está em todos os detalhes” e as suas peças traduzem isso mesmo, com valores de venda que variam entre os 1650 e os 3350 euros porque são feitas de ouro rosa e diamantes castanhos.
O custo das peças varia entre 85 e 5700 euros, informa Fátima Santos. Por exemplo, as de Bruno Rocha ou Liliana Guerreiro têm preços mais acessíveis porque são feitas de prata e prata dourada. No caso do designer a aposta é na “democratização da joalharia”, até porque quem passar pela loja do museu do Porto não irá preparado para gastar muito dinheiro, considera. Diana Vieira da Silva concorda, mas defende que estas peças vão “acrescentar valor à loja”. Além disso, a expectativa é que estas sejam vendidas noutras circunstâncias.
Fátima Santos explica que se trata de uma “oferta diversificada”, que demonstra a “versatilidade do sector” e que este projecto é “mais do que comercial, é também cultural”, por isso vai ser levado para feiras e exposições em lugares “emblemáticos” como Paris, Hong Kong ou Nova Iorque, onde a expectativa é que se venda. Na loja do Museu de Serralves estará até Fevereiro do próximo ano.