Incêndio de Pedrógão Grande é o maior de sempre em Portugal
Chamas já consumiram mais de 30 mil hectares de floresta, superando os números negros dos piores incêndios de 2003 e 2012.
O incêndio na zona de Pedrógão Grande já consumiu mais de 30 mil hectares de floresta desde sábado passado, segundo dados do Sistema Europeu de Informação de Fogos Florestais (conhecido pela sigla EFFIS). Este valor ultrapassa largamente os números atingidos nos grandes incêndios de 2012 em Tavira e de 2003 na Chamusca — os dois maiores fogos até agora em Portugal.
A verdade faz-nos mais fortes
Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.
O incêndio na zona de Pedrógão Grande já consumiu mais de 30 mil hectares de floresta desde sábado passado, segundo dados do Sistema Europeu de Informação de Fogos Florestais (conhecido pela sigla EFFIS). Este valor ultrapassa largamente os números atingidos nos grandes incêndios de 2012 em Tavira e de 2003 na Chamusca — os dois maiores fogos até agora em Portugal.
No distrito de Leiria, entre Figueiró dos Vinhos, Castanheira de Pêra e Aguda já arderam 25.969 hectares desde o passado sábado. Já no concelho de Pampilhosa da Serra o fogo consumiu outros 7310 hectares, a que acrescem outros 481 hectares no concelho de Oleiros, distrito de Castelo Branco, segundo o EFFIS. Neste distrito, a área ardida foi contabilizada desde domingo.
Estes valores colocam a tragédia de sábado como a mais negra de sempre no país em termos de incêndios. Não só em número de vítimas, mas também de área ardida. O fogo de Cachopo, em Tavira, em Julho de 2012 passa agora a ser o segundo maior, com 24.843 hectares de área ardida, seguido pelo de Ulme, na Chamusca, que em Agosto de 2003 destruiu 22.190 hectares.
No ano passado, os incêndios florestais mais graves aconteceram nos concelhos de Arouca e São Pedro do Sul, onde o fogo consumiu no total cerca de 29 mil hectares de terreno. No período entre Janeiro e Outubro de 2016, a área ardida contabilizada foi de 160.490 hectares, um recorde nos últimos dez anos, de acordo com o relatório do Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) e que só tem dados até ao último trimestre.
Já neste ano, até dia 15 de Junho, foram registados 5760 incêndios em Portugal, que consumiram 15.184 hectares. Os dados mais recentes do ICNF ainda não incluem o trágico incêndio do último fim-de-semana, mas mostram que o cenário já era negativo e que vai piorar. Nestes primeiros seis meses do ano, a área ardida já representava mais 60% do que a média da área ardida entre 2007 e 2016, de 9636 hectares.
Tanto o número de ocorrências como a área ardida estão acima da média registada entre 2007 e 2016 para o mesmo período de 1 de Janeiro a 15 de Junho. Em termos de área ardida, o valor só tinha sido ultrapassado em 2009, 2012 e 2015, mostram os dados enviados ao PÚBLICO. O número de ocorrências é o terceiro mais elevado neste período.
“Comparando os valores do ano de 2017 com o histórico dos últimos dez anos destaca-se que se registaram mais 32% de ocorrências e mais 58% de área ardida relativamente à média verificada no decénio 2007-2016”, explica o ICNF, que destaca também o elevado número de reacendimentos.
O Sistema Europeu de Informação de Fogos Florestais baseia os dados em estimativas com base em 80% da área total ardida que são depois confirmadas pelas autoridades nacionais. Assim, os totais contabilizados tendem a ser mais elevados.
Nas estatísticas de área ardida divulgadas desde 1980 pelas autoridades nacionais, o ano de 2003 continua a figurar como o pior, com 425.726 hectares. Segue-se 2005, com 338.262 hectares consumidos pelo fogo. O ano de 2008 é o que apresenta melhor registo, com apenas 17.244 hectares atingidos pelas chamas.
O último balanço sobre o incêndio florestal que deflagrou no sábado em Pedrógão Grande, no distrito de Leiria, confirmou que há 63 vítimas mortais. Já tinham sido confirmados 62 óbitos, somando-se agora mais um, de um bombeiro que estava internado em Coimbra. Há ainda 135 feridos, entre os quais 121 civis, 13 bombeiros e um militar da GNR. Dos 135 feridos, sete estão em estado grave: cinco bombeiros voluntários e dois civis. Há ainda dezenas de deslocados, estando por calcular o número de casas e viaturas destruídas.
Como chegar aos dados do EFFIS em 3 passos
- Na Homepage do EFFIS, vá às ferramentas do lado esquerdo e clique em "Burnt Area Locator"
- Vá ao canto superior direito e escolha "Portugal"
- Nesse mesmo lado direito, aparece uma lista de fogos. Basta clicar no primeiro na lista e verá a dimensão do incêndio de Pedrógão.