Passos mantém a pressão, Marcelo imparável
Presidente da República percorreu nove concelhos afectados.
“Acho que é esse o meu papel”, diz o Presidente da República quando lhe perguntam porque voltou à zona dos incêndios. Marcelo Rebelo de Sousa explica que quando lhe morreram os pais queria ter os amigos com ele, e é por isso que voltou. Não “é picar o ponto”. Furou de novo a rota que tinha programada e duplicou o número de sítios que foi visitar. De quatro passaram a nove concelhos e dez locais visitados pelo Presidente da República.
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“Acho que é esse o meu papel”, diz o Presidente da República quando lhe perguntam porque voltou à zona dos incêndios. Marcelo Rebelo de Sousa explica que quando lhe morreram os pais queria ter os amigos com ele, e é por isso que voltou. Não “é picar o ponto”. Furou de novo a rota que tinha programada e duplicou o número de sítios que foi visitar. De quatro passaram a nove concelhos e dez locais visitados pelo Presidente da República.
A viagem não foi apenas longa, foi complexa. Começou com uma situação muito adversa dos incêndios para que ao final do dia o Presidente se mostrasse mais esperançado em que estes se resolvessem: o cenário “é genericamente mais positivo do que esperava quando partimos de Avelar, as perspectivas que tinha e as preocupações, não é que não continuem a existir, mas eram menos favoráveis do que ouvimos”. Mesmo que tivesse acabado de passar por uma estrada com chamas baixas de um lado da estrada.
A intenção do Presidente foi dar menos beijinhos, mas estar perto e dar um ânimo a quem está a combater os fogos: “Em terras como estas, que estão habituadas a viver longe de muita coisa, têm de fazer por si. A ligação pessoal, essa solidariedade e essa cumplicidade de todos os dias nos momentos decisivos é fundamental”, elogiou o Presidente.
Marcelo Rebelo de Sousa fez ontem centenas de quilómetros pelos três distritos afectados. Começou por falar no centro de operações em Avelar, no concelho de Ansião, por onde partiu para conversas com bombeiros e elementos da Protecção Civil que têm os postos de comando em cada concelho.
Foi também ao quartel dos bombeiros de Penela, ao posto de comando em Alvaiázere, aos bombeiros e ao centro de acolhimento de desalojados em Figueiró dos Vinhos, foi ao posto de comando em Chão de Alvares (no concelho de Góis) onde se avistava o incêndio que ia para Pampilhosa da Serra, passou por Portela do Fôjo, na Pampilhosa da Serra, para falar com habitantes e bombeiros e depois foi aos bombeiros na sede de concelho. Por fim, seguiu para Castanheira de Pera e acabou o périplo em Pedrógão Grande.
A pressão de Passos
Quem fez questão de manter a pressão foi o líder do PSD, Pedro Passos Coelho, que ontem de manhã visitou as instalações da Protecção Civil, em Carnaxide. Apesar de ter dito que é cedo para fazer “avaliação política”, Passos avisou que esse momento chegará.
“As pessoas quererão saber, têm o direito a saber, a explicação para que isto tivesse acontecido. Este ainda não é o momento de poder fornecer essa resposta cabal, eu penso que ela ainda não existe”, disse Pedro Passos Coelho, sublinhando que a primeira resposta terá de ser dada ao nível técnico, mas que posteriormente terá de haver “uma avaliação de natureza política”.
Depois de ter estado reunido durante uma hora e meia com o presidente da Autoridade Nacional de Protecção Civil, o líder do PSD disse que a tragédia de Pedrógão Grande “não tem paralelo em Portugal e, por essa razão, não faz sentido desdramatizar” a situação. “Mas não é esta a altura para fazer essa avaliação política”, disse. “No dia em que for necessário dar uma resposta política adequada a esta matéria, cá estarei também, mas penso que há outros antes de mim que têm de dizer alguma coisa.” Por outras palavras, Passos vai ficar atento. E vai exigir respostas. com Sónia Sapage