Sérvia quebra barreiras: uma mulher homossexual vai chefiar o Governo
Ana Brnabic junta-se a outros líderes europeus que são assumidamente homossexuais como Xavier Bettel, primeiro-ministro luxemburguês, ou Leo Varadkar, primeiro-ministro irlandês.
É uma dupla estreia para a Sérvia: Ana Brnabic, de 41 anos, é a primeira mulher a chegar ao cargo de primeira-ministra e é também a primeira pessoa homossexual a exercer a função. E este feito ganha destaque por se tratar de um país ainda muito marcado por uma mentalidade conservadora e homofóbica. A deputada foi escolhida pelo recém-eleito Presidente sérvio, Aleksandar Vucic, cujo partido tem maioria parlamentar, sem que este fizesse qualquer comentário ao seu género ou sexualidade mas tendo destacado a sua atitude “trabalhadora, com qualidades profissionais e pessoais”.
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É uma dupla estreia para a Sérvia: Ana Brnabic, de 41 anos, é a primeira mulher a chegar ao cargo de primeira-ministra e é também a primeira pessoa homossexual a exercer a função. E este feito ganha destaque por se tratar de um país ainda muito marcado por uma mentalidade conservadora e homofóbica. A deputada foi escolhida pelo recém-eleito Presidente sérvio, Aleksandar Vucic, cujo partido tem maioria parlamentar, sem que este fizesse qualquer comentário ao seu género ou sexualidade mas tendo destacado a sua atitude “trabalhadora, com qualidades profissionais e pessoais”.
Ainda assim, já houve vozes de discórdia quanto à nomeação de Brnabic: o líder de um dos partidos mais pequenos da coligação do Presidente, Dragan Markovic Palma, disse que Ana Brnabic “não era a sua primeira-ministra”. E é esta a mentalidade que se vive em grande parte da Sérvia, que é candidata à adesão da União Europeia. A marcha do orgulho gay, por exemplo, esteve proibida durante três anos por questões de segurança, depois de em 2010 os membros da parada terem sido atacados por militantes de extrema-direita. Voltou em 2014, com segurança reforçada.
“Isto é muito importante num país em que 65% dos cidadãos acreditam que a homossexualidade é uma doença e em que 78% acreditam que a homossexualidade não deve ser manifestada fora de casa”, afirmou Goran Miletic, um activista de direitos civis, citado pelo Guardian. “A nomeação de uma lésbica só pode ser uma mensagem positiva”, disse ainda.
Já o cientista político na Universidade de Belgrado, Boban Stojanovic, acredita que isto poderá ser só “para inglês ver” ou, melhor, para europeu ver. “Não acredito que Brnabic vá liderar ou ter algum impacto da política externa. Isso continuará a ser domínio exclusivo do Presidente Vucic”, disse. Além disso, Stojanovic crê que esta nomeação pode estar a camuflar a realidade. “A escolha de um membro da comunidade LGBT para primeiro-ministro será usado como um indicador do estado dos direitos humanos e civis [da Sérvia], e isso não corresponde à realidade”, argumentou, citado pelo Guardian.
A escolha de Ana Brnabic acontece na mesma semana em que foi eleito pela primeira vez um gay para o lugar de primeiro-ministro na Irlanda. Leo Varadkar foi ele próprio uma dupla estreia no seu país: para além de ser homossexual assumido, Varadkar é também o mais jovem primeiro-ministro irlandês – e é também filho de um emigrante indiano. Ana Brnabic e Leo Varadkar juntam-se, a nível europeu, a Xavier Bettel, o primeiro-ministro do Luxemburgo, que é assumidamente gay.
Ana Brnabic entrou para o campo da política no ano passado, altura em que foi também a primeira homossexual a ser ministra, responsável por assuntos relacionados com a administração pública. A nova primeira-ministra estudou nos Estados Unidos e tirou um MBA (um curso de administração de negócios) na Universidade de Hull, no Reino Unido, antes de regressar à Sérvia.