Agência europeia eleva nível de perigo para a saúde associado ao bisfenol A

Resina usada para tornar os plásticos mais duros, que já tinha sido proibida no fabrico de biberões, foi considerada “altamente preocupante” devido aos problemas que pode causar no sistema endócrino.

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Uso de bisfenol A no fabrico de biberões foi proibido em 2011 Daniel Rocha

A decisão anunciada esta sexta-feira pela Agência Europeia dos Produtos Químicos (ECHA) confirma, mais uma vez, os alertas feitos nos últimos anos em vários estudos de investigação que questionavam a segurança do bisfenol A para a saúde humana. A substância usada para tornar os plásticos mais duros já estava identificada como tóxica para o sistema reprodutor humano. Agora, o Comité dos Estados-membros da ECHA considerou oficialmente esta substância como “altamente preocupante”, identificando-a como um desregulador endócrino.

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A decisão anunciada esta sexta-feira pela Agência Europeia dos Produtos Químicos (ECHA) confirma, mais uma vez, os alertas feitos nos últimos anos em vários estudos de investigação que questionavam a segurança do bisfenol A para a saúde humana. A substância usada para tornar os plásticos mais duros já estava identificada como tóxica para o sistema reprodutor humano. Agora, o Comité dos Estados-membros da ECHA considerou oficialmente esta substância como “altamente preocupante”, identificando-a como um desregulador endócrino.

O bisfenol A é um composto utilizado há mais de 50 anos na produção de plásticos de policarbonato, por ajudar a torná-los mais duros. Ao longo dos anos foram realizados estudos que confirmaram que esta substância pode passar para a comida quando o recipiente é aquecido a altas temperaturas e utilizado repetidamente. Em 2011, a União Europeia proibiu o fabrico de biberões com esta substância que também se encontra em garrafas de plástico, embalagens, caixas de conservação de alimentos, latas de refrigerantes, enlatados e outros recipientes. Em 2014 foi publicada ainda uma directiva europeia que estabelecia um valor-limite específico para o produto químico utilizado em brinquedos destinados a serem utilizados por crianças com menos de 36 meses ou noutros brinquedos destinados a serem colocados na boca.

A ECHA já tinha identificado o risco do bisfenol A mas agora classificou-a como uma “substância altamente preocupante” pelos seus efeitos na saúde humana como desregulador endócrino, uma medida tomada por unanimidade e na sequência de uma proposta feita por França. Ou seja, este composto merece agora o mais elevado nível de preocupação e o mesmo tipo de atenção (e medidas de controlo) que é dedicado a substâncias que são actualmente reconhecidamente consideradas como carcinogénicas ou mutagénicas.

“Um desregulador endócrino é uma substância química que pode interferir com a produção ou a actividade de hormonas do sistema endócrino humano”, explica Félix Carvalho, professor catedrático do Laboratório de Toxicologia da Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto. Há já alguns anos que a segurança do bisfenol A é questionada por especialistas, que a associaram uma série de problemas de saúde, que vão desde a infertilidade a diabetes ou problemas cardíacos. “Este composto tem sido muito estudado e sabe-se actualmente que, havendo uma cedência da substância a partir das embalagens para os alimentos, a exposição humana é extremamente perigosa e pode levar a vários problemas”, confirma Félix Carvalho, que é ainda secretário-geral da Eurotox (Associação dos Toxicologistas Europeus e das Sociedades Europeias de Toxicologia).

No entanto, apesar das muitas provas encontradas até agora, existem várias organizações que defendem que o bisfenol A não provoca qualquer dano na saúde humana, argumentando que os estudos que avaliaram a toxicidade desta substância só mostraram este efeito em modelos animais.

Com a decisão tomada esta sexta-feira pela ECHA, o cerco aos fabricantes que usam esta substância vai ficar mais apertado. A agência refere que o bisfenol A será incluído, no final deste mês, numa lista actualizada destes produtos potencialmente perigosos para a saúde humana e, a partir daí, os fabricantes terão de obedecer a regras mais rigorosas para a sua utilização.