Comentários "machistas" mancham encontro de dirigentes associativos do superior

Comentários foram publicados na página electrónica do encontro e visavam as representantes da Associação de Estudantes da Faculdade de Ciência Sociais e Humanas.

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Federação Académica de Lisboa também já classificou de acções “inqualificáveis” Daniel Rocha

Aconteceu no último Encontro Nacional de Direcções Associativas do ensino superior, que se realizou em Viana do Castelo no passado fim-de-semana. De repente, na parte reservada da página electrónica do evento multiplicaram-se publicações anónimas de ”comentários machistas e discriminatórios”, segundo a descrição feita pela direcção da Associação de Estudantes da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas (AEFCSH), da Universidade Nova de Lisboa, num comunicado, divulgado nesta quarta-feira, em que repudia o modo como as suas representantes foram tratadas em Viana do Castelo.

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Aconteceu no último Encontro Nacional de Direcções Associativas do ensino superior, que se realizou em Viana do Castelo no passado fim-de-semana. De repente, na parte reservada da página electrónica do evento multiplicaram-se publicações anónimas de ”comentários machistas e discriminatórios”, segundo a descrição feita pela direcção da Associação de Estudantes da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas (AEFCSH), da Universidade Nova de Lisboa, num comunicado, divulgado nesta quarta-feira, em que repudia o modo como as suas representantes foram tratadas em Viana do Castelo.

Publicações com dizeres como “Comissão das Violadas”, acompanhadas por fotos das representantes da AEFCSH, ou “Alguém que mande as gajas da AEFCSH ir fazer o jantar” são exemplos do que a Federação Académica de Lisboa também já classificou de acções “inqualificáveis”, numa nota de repúdio tornada pública nesta terça-feira.

 “A exortação de comentários e posturas machistas e sectárias, lançados sob a cortina do anonimato, não deveria ter lugar num espaço de democracia, discussão política e melhoria das condições dos estudantes do ensino superior”, afirma-se nesta nota, onde se convida todos os dirigentes associativos “a combater a intolerância e o sectarismo”.

"Discriminação do género"

Já a direcção da AEFCSH fez saber, nesta quarta-feira, que remeteu a situação para a Comissão para a Cidadania e Igualdade de Género por considerar que os acontecimentos de Viana do Castelo “constituem uma forma grave de e discriminação do género e que vão contra o art.26.º da Constituição da República Portuguesa que reconhece o direito à imagem, à palavra e à protecção legal contra quaisquer formas de discriminação”.

Segundo o PÚBLICO apurou junto da direcção desta associação, alguns dos conteúdos já foram removidos, mas outros continuam a poder ser vistos pelos delegados ao encontro, que são os que têm acesso à parte reservada da página electrónica criada para o encontro de Viana do Castelo.

O PÚBLICO tentou em vão obter esclarecimentos por parte da organização do encontro, entre os quais figura a Associação de Estudantes da Escola Superior de Saúde de Viana do Castelo. No comunicado divulgado nesta quarta-feira a direcção da AEFCSH refere que os conteúdos de carácter “sexista” se multiplicaram depois de uma intervenção de uma representante da associação propondo que se garantisse representação feminina numa comissão proposta pela Federação Académica de Lisboa para a sensibilização quanto aos crimes sexuais no ensino superior.

Ainda segundo a mesma nota, verificou-se uma nova escalada de publicações depois de outra representante da AEFCSH ter conseguido declarar o seu voto de repúdio pelo que estava a suceder. O que só conseguiu, acrescenta-se, ao fim de três tentativas. Nas duas primeiras não lhe foi dada a palavra pela mesa do encontro, o que só aconteceu quando evocou a defesa de honra. A Federação Académica de Lisboa também apresentou na ocasião um voto de repúdio.