De quinta-feira a domingo, o mundo cabe em Gaia
A primeira edição do Fórum Internacional “Gaia Todo Um Mundo” tenta chamar a atenção para problemas ambientais dedicando-lhes mais de 50 horas de programação, que vão dos debates à dança
Quando o ambiente raramente ocupava espaço em jornais, Geoffrey Lean já escrevia sobre agricultura, energia e desenvolvimento. Nesta quinta-feira, o mais antigo jornalista ambiental do mundo integra o painel de convidados que irão discutir alterações climáticas e desenvolvimento sustentável no Fórum Internacional “Gaia Todo Um Mundo” (GTM). Durante quatro dias, o ambiente é o denominador comum da música, arte urbana, dança, marionetas e diálogos na cidade da margem sul do Douro.
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Quando o ambiente raramente ocupava espaço em jornais, Geoffrey Lean já escrevia sobre agricultura, energia e desenvolvimento. Nesta quinta-feira, o mais antigo jornalista ambiental do mundo integra o painel de convidados que irão discutir alterações climáticas e desenvolvimento sustentável no Fórum Internacional “Gaia Todo Um Mundo” (GTM). Durante quatro dias, o ambiente é o denominador comum da música, arte urbana, dança, marionetas e diálogos na cidade da margem sul do Douro.
“Receber o mundo” é a proposta do concelho de Vila Nova de Gaia até ao dia 18 deste mês: “Foi deste cais do Douro que partimos para mundo. Agora, vamos recebê-lo de volta em toda a sua diversidade”. Durante quatro dias, conjugam-se arte e pensamento em várias línguas, dadas as mais de 20 nacionalidades envolvidas.
A cabeça de cartaz do primeiro dia é Geoffrey Lean, o conceituado jornalista ambiental que não baixa os braços há 47 anos. “As cidades já concentram mais de metade da população mundial e é fundamental que promovam o debate e a partilha de conhecimento, especialmente em matéria de alterações climáticas”, salienta Lean, em declarações ao PÚBLICO. Além disso, destaca a relevância crescente do jornalismo de ambiente num cenário onde se disseminam dúvidas e se instala o cepticismo relativamente à responsabilidade humana no que diz respeito aos problemas do planeta.
Também no Convento Corpus Christi, Hans-Günther, investigador e membro da Agência Europeia de Energia Ucraniana, ou Leng Ouch, vencedor do Goldman Prize 2016 (equivalente ao Nobel do Ambiente) serão figuras internacionais proeminentes que partilharão as suas experiências e visões acerca da sustentabilidade num mundo que enfrenta alterações profundas do clima.
Outros pontos altos do GTM são a assinatura da carta "Compromisso pela Casa Comum e pela Ética do Cuidado", que surge na sequência do apelo do Papa Francisco para a protecção do planeta, e moda com ética no dia 16. No sábado, decorrerá o debate “Arte, Activismo e Alterações Climáticas”.
No último dia, o autor Bruno Pinto e os ilustradores Carlos Penim Loureiro e Luís Filipe Nogueira não só apresentam o seu livro em banda desenhada Reportagem especial – adaptação às alterações climáticas em Portugal, como também dão um workshop de BD.
No programa do evento que tenta juntar diferentes visões do mundo, há muitas rotas a percorrer: rotas de marionetas que dão a conhecer o centro histórico de Gaia, rotas sustentadas que divulgam a arte urbana (e podem contar com visita guiada dos curadores no penúltimo e último dias) e rotas de petiscos que dão a provar as iguarias gastronómicas da região.
As notas musicais também marcam presença do início ao fim deste fórum internacional, com a fusão de ritmos e melodias de vários cantos do mundo. Logo no primeiro dia, há encontros de coros, a sonoridade dos portugueses Sensible Soccers, do brasileiro Luca Argel, da artista libanesa Nadine Khouri e o projecto musical espanhol ARIES. O fim da noite conta com a musicalidade do gambês Mbye Ebrima, mas também com os sons de Bonga e do DJ SET.
No domínio da dança, destaca-se a actualidade de Harmida, um espectáculo da companhia de dança Kale, que alude à actual crise dos migrantes ao ser desenvolvido na “criação abstracta sobre a fuga e a chegada, e a esperança de um recomeço”.
Assim, até domingo, o Armazém 22, o convento Corpus Christi ou o espaço Zé da Micha são os lugares onde se cultivará arte e pensamento na defesa do ambiente. O concelho de Vila Nova de Gaia espera mais de 230 intervenientes e 72 intervenções, ao longo de mais de 50 horas de programação que promete um diálogo intercultural. A organização do evento sublinha que a maioria das actividades é de acesso livre.
Texto editado por Ana Fernandes