Feel the Corbyn, ou isto não é a América?

Muitos apoiantes de Bernie Sanders acreditam que ele teria ganho mesmo com uma candidatura independente ou assente num terceiro partido. Que hipóteses há de isso acontecer no sistema eleitoral do Reino Unido?

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Jeremy Corbyn teve grande apoio entre o eleitorado mais jovem Stefan Wermuth/Reuters

Se Bernie Sanders, Donald Trump, Hillary Clinton e Jeremy Corbyn entrassem num bar, e o mais jovem de todos tivesse de pagar a primeira rodada, seria o líder do Partido Trabalhista a abrir os cordões à bolsa.

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Se Bernie Sanders, Donald Trump, Hillary Clinton e Jeremy Corbyn entrassem num bar, e o mais jovem de todos tivesse de pagar a primeira rodada, seria o líder do Partido Trabalhista a abrir os cordões à bolsa.

Ainda assim, Corbyn não se viu livre do novo e romântico rótulo de velho comunista anacrónico transformado em ídolo de uma nova geração, um pouco à imagem do que aconteceu com o homem que fez sucesso no ano passado nos Estados Unidos durante as eleições primárias do Partido Democrata.

Apesar das enormes diferenças entre ambos, a caricatura está feita: os dois representam uma nova vaga, muito assente na juventude, que está farta das políticas do costume e procura novos partidos ou líderes menos convencionais.

No caso norte-americano, foi notório o esforço feito pelos apoiantes de Bernie Sanders para o empurrar em direcção a uma candidatura independente, à margem do tradicional Partido Democrata; será que é isso que muitos apoiantes de Jeremy Corbyn também gostavam de fazer? Até podem gostar, mas é muito, muito difícil, diz o investigador António Costa Pinto.

"O sistema eleitoral britânico sempre esteve feito com o propósito quase exclusivo de assegurar uma estabilidade governamental, com aquele princípio de círculos uninominais, e esse problema fez com que o terceiro partido fosse o eterno sofredor. O eleitor britânico tem um enorme dilema: o sistema eleitoral está feito para evitar que sentimentos conjunturais anti-partidários tenham impacto imediato na formação dos governos. Por isso, salvo conjunturas excepcionais, o eleitor britânico não tem oportunidade", diz Costa Pinto.

Mas fica a ironia, à semelhança do que aconteceu no ano passado nos Estados Unidos: "Jeremy Corbin, que era visto como um líder trabalhista velho, da ala esquerda, obreirista e sindical, acabou por ter uma performance com capacidade de atracção mesmo em alguns segmentos da terceira via da ala moderada do Partido Trabalhista. Há também um elemento de insatisfação no eleitorado britânico", diz.