Galveias, a biblioteca que se adaptou aos novos tempos
Depois de dois anos fechada, a Biblioteca Municipal das Galveias reabre as suas portas este sábado, às 18h, com uma homenagem à bibliotecária Maria José Moura.
As Bibliotecas Municipais de Lisboa vão passar a integrar a Rede Nacional de Bibliotecas Públicas e o protocolo de adesão vai ser assinado este sábado, às 18h, durante a reabertura da Biblioteca Municipal das Galveias, uma das mais antigas da cidade de Lisboa, que abre com mais área, novas salas de leitura e mais lugares sentados (tanto no interior como no terraço e no jardim), espaços de cowork, uma sala polivalente, um lounge, dois balcões de empréstimo de livros, uma máquina de auto-empréstimo, além de identificação dos documentos por radiofrequência (RFID).
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As Bibliotecas Municipais de Lisboa vão passar a integrar a Rede Nacional de Bibliotecas Públicas e o protocolo de adesão vai ser assinado este sábado, às 18h, durante a reabertura da Biblioteca Municipal das Galveias, uma das mais antigas da cidade de Lisboa, que abre com mais área, novas salas de leitura e mais lugares sentados (tanto no interior como no terraço e no jardim), espaços de cowork, uma sala polivalente, um lounge, dois balcões de empréstimo de livros, uma máquina de auto-empréstimo, além de identificação dos documentos por radiofrequência (RFID).
Na cerimónia será feita uma homenagem à bibliotecária Maria José Moura, fundadora da BAD – Associação Portuguesa de Bibliotecários, Arquivistas e Documentalistas e uma das pessoas a quem coube um papel importante na criação da Rede Nacional de Bibliotecas Públicas em 1987.
Este acordo, a celebrar entre a Direcção-Geral do Livro, dos Arquivos e das Bibliotecas (DGLAB) e a Câmara Municipal de Lisboa, vai permitir que estas bibliotecas passem a usufruir dos “recursos e serviços” disponibilizados às bibliotecas da rede pela DGLAB, que possam beneficiar também de alguns programas de apoio e que integrem a lista pública das bibliotecas da Rede Nacional.
O local escolhido para a sua assinatura não podia ser mais emblemático, pois a Biblioteca Municipal das Galveias, que cumpre 86 anos a 5 de Julho, é “uma biblioteca patrimonial que se adapta e reinventa para os novos tempos”. É assim que Catarina Vaz Pinto, vereadora da Cultura da Câmara de Lisboa, a descreve durante uma visita guiada à imprensa, dias antes da reabertura, onde explica que ali foi feita uma obra de requalificação do edificado mas também da missão da biblioteca e de aumento do espaço. O investimento global foi de cerca de 2,5 milhões de euros (1, 9 milhões para a reabilitação e cerca de 600 mil para o equipamento).
O segundo piso, ocupado por galerias municipais antes da recuperação feita pelo arquitecto João Lúcio Lopes, está agora destinado também à biblioteca, o que aumentou a área de 1300 metros quadrados para 2000. “Se a Biblioteca de Marvila é em termos de área física a maior das bibliotecas municipais, esta é a segunda maior”, diz a vereadora, “mas em termos do acervo esta é a maior biblioteca de Lisboa”.
Galveias conta agora com 121.500 documentos dos 140 mil de que dispunha antes das obras. “Quando a biblioteca encerrou, em vez de fecharmos a colecção em depósito distribuímos alguns documentos da área infantil e de ficção pelas bibliotecas da rede municipal”, explica Susana Silvestre, directora das bibliotecas municipais de Lisboa, que também esteve presente na visita guiada. “Para nós é importante termos uma colecção actualizada e que corresponda às necessidades das pessoas. Somos uma biblioteca pública, generalista”, acrescenta, lembrando que muitas vezes a Biblioteca Nacional (BN) encaminha leitores para as Galveias, já que só a partir dos 18 anos se pode entrar na BN.
No Palácio Galveias existem agora 332 lugares sentados, contra os 110 de que a biblioteca dispunha antes, incluindo os do jardim, do terraço ou os sofás do lounge. É uma biblioteca com “60% de espaço de silêncio, 40% de espaço de ruído”, brinca Susana Silvestre.
Quem frequentava as Galveias recorda-se de que muitas vezes havia fila para empréstimo e devolução de livros. A ideia é que já não haja fila e para isso haverá dois balcões de empréstimo a funcionar na biblioteca, além de um sistema de identificação por radiofrequência (RFID) que permite a inventariação dos documentos através de um código de barras, o que facilita a vida aos bibliotecários, pois o sistema apita quando o documento está mal arrumado. “Vamos ter a gestão de pedidos ao depósito numa linha idêntica à da Biblioteca de Arte da Gulbenkian. Podem ver ali o monta-cargas que vai directamente para o depósito buscar os livros", aponta Susana Silvestre. "Teremos um sistema de comunicação em rede, gerido pelo núcleo de comunicação e imagem que comunica para todas as bibliotecas o que está a acontecer, e também vai informar e dar a identificação do número do documento que se pediu. Parece um pormenor sem importância, mas numa biblioteca como esta, em que temos 600 pessoas diariamente, tudo tem de funcionar muito bem”, acrescenta a directora.
Estará também a funcionar uma máquina de auto-empréstimo, através da qual vai ser possível devolver ou fazer o empréstimo de cinco documentos ao mesmo tempo e fora de horas, já que o horário da biblioteca vai manter-se o mesmo, até às 19h, a não ser em ocasiões especiais como lançamento de livros ou outros eventos.
Susana Silvestre conta que esta biblioteca teve sempre uma boa relação com a comunidade dos sem-abrigo, por ser bem localizada na cidade e ter estações de metro próximas. “No outro dia, um colega meu foi à pastelaria onde costumamos ir e o sem-abrigo que estava à porta perguntou-lhe quando é que íamos reabrir. Disse que tinha muitas saudades de estar na biblioteca, acrescentou que era o sítio onde se sentia seguro.” Por isso estão a pensar criar um projecto de aprendizagem vocacionado para os sem-abrigo, com espaços de experimentação onde possam, por exemplo, fazer o currículo e cartas de apresentação. “Para que encontrem ali um meio de se motivarem e de começar alguma coisa. A ideia é também trabalharmos neste projecto com o FabLab “, acrescenta Susana Silvestre.
No jardim já não passeiam os pavões de antigamente, mas regressaram os bustos de jardim do palácio do século XVII que foi a casa de campo dos marqueses de Távora. Ali está também a escultura de Carlos Nogueira, Nunca mais olhaste o céu (1997), e o quiosque, que ainda não está concessionado mas privilegiará alguém que também assuma programação para o local. “A ideia é podermos fazer eventos fora de horas. Vamos fazer aqui o Festival Ibero-americano de Narradores Orais nos dias 14, 15 e 16 de Julho. A ideia é termos a biblioteca viva com o festival desde as 9h à meia-noite. Ainda não vamos conseguir ter na inauguração o espaço de projecção de filmes, mas a ideia é que fique completamente apetrechado para ser usado pelo DocLisboa ou pelo IndieLisboa, bem como pela EGEAC”, deseja Susana Silvestre.