"May vai manter-se em funções até que surja uma alternativa clara à sua liderança"
Simon Hix, professor de Ciência Política da London School of Economics, especialista em assuntos europeus e no sistema partidário britânico, diz que os conservadores só apoiavam May porque acreditavam que ela ia conseguir uma maioria de 100 deputados.
Haverá novas eleições em breve?
Na verdade, o Governo só precisa de conseguir aprovar o orçamento. Se tiver votos para aprovar orçamento, creio que pode sobreviver. Para isso pode contar com o apoio do DUP [unionistas da Irlanda do Norte]. Há também a possibilidade de negociar um acordo com o Labour sobre os termos do "Brexit" – um grande entendimento que lhe permita aprovar o que for negociado [em Bruxelas]. Em minha opinião o Governo vai aguentar-se durante ainda bastante tempo até que venham a ser convocadas novas eleições.
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Haverá novas eleições em breve?
Na verdade, o Governo só precisa de conseguir aprovar o orçamento. Se tiver votos para aprovar orçamento, creio que pode sobreviver. Para isso pode contar com o apoio do DUP [unionistas da Irlanda do Norte]. Há também a possibilidade de negociar um acordo com o Labour sobre os termos do "Brexit" – um grande entendimento que lhe permita aprovar o que for negociado [em Bruxelas]. Em minha opinião o Governo vai aguentar-se durante ainda bastante tempo até que venham a ser convocadas novas eleições.
Dentro do partido a posição de May é agora muito frágil?
Para mim, é impressionante que não haja nenhum, ou muito poucos deputados, que se definam como “mayistas”. Ela não tem verdadeiramente defensores dentro do partido. A maior parte dos deputados decidiu ignorar as reservas que tinham e dar-lhe o seu apoio porque pensou que ela se ia livrar do UKIP, que com ela à frente os eleitores do UKIP iam votar nos conservadores. No entanto, para a maioria ela sempre foi demasiado à direita, sempre foi demasiado em termos sociais. O partido só estava realmente do lado dela porque acreditava que ela lhes daria uma maioria de 100 deputados.
Mesmo que fique, os seus dias estão contados?
Ela vai manter-se em funções até que surja uma alternativa clara à sua liderança – neste momento não é claro quem poderá ser, ou sequer se há uma alternativa. Mas se algum político se destacar, as coisas vão avançar rapidamente. Creio que pessoas que estão fora do Parlamento, como [o ex-ministro das Finanças] George Osborne, que agora é director do Evening Standard, ou o antigo primeiro-ministro David Cameron vão ser muito influentes no debate sobre qual a direcção que o partido deve seguir e escolher uma alternativa entre os deputados para substituir May.
Diz que este foi um voto para um “Brexit mais suave”. Isso não vai desencadear uma revolta da classe que votou pela saída, que quer limitar a imigração?
A maioria dos eleitores não olha para o “Brexit” em termos de “hard” ou “soft”. Penso que muitas pessoas votaram a favor da saída da UE porque querem um Reino Unido diferente. Querem mudar a globalização, querem que o Governo reduza as desigualdades, aumente a despesa. Votaram contra o sistema político e também, é certo, para reduzirem a imigração. Mas o Labour adoptou uma estratégia que é inteligente. Disse que está disponível para discutir uma política de imigração com a UE, mas vai adoptar uma posição muito restritiva em relação ao trabalhadores não qualificados. De uma certa forma ele já está falar para os eleitores das classes mais baixas. Este é o programa eleitoral trabalhista mais anti-imigração que alguma vez tivemos. O eleitor médio quer sair da UE, mas também quer uma nova direcção para o país, mais despesa e restrições na imigração não qualificada. Não era isso que May lhes oferecia, é mais próximo do que Corbyn propõe.