Quando a ordem dá lugar ao caos, como manter o sistema prisional de pé?

Orange is the New Black volta ao Netflix esta sexta-feira para a quinta temporada. Os novos episódios passam-se em três dias e focam o crescendo do motim contra a gestão da prisão.

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Desde que a prisão federal de segurança mínima de Danbury, no Connecticut, foi privatizada e passou para as mãos da Management & Correction Corporation (MCC), na terceira temporada, as suas condições deterioraram-se significativamente. A opressão praticada pelos novos guardas acumulou tensões na prisão feminina e aquilo que começara como um protesto pacífico ganhou novos contornos, levando à morte acidental de Poussey (Samira Wiley). Orange is the New Black regressa esta sexta-feira ao Netflix precisamente no ponto em que nos deixou na quarta temporada. Ainda no rescaldo da perda da companheira, o grupo de mulheres insurge-se contra os abusos de autoridade resultantes da nova gestão do estabelecimento prisional e Daya (Dascha Polanco) aponta a Humphrey (Michael Torpey) a sua própria arma. “Consigo imaginá-la a apertar o gatilho. A Daya está definitivamente a experienciar alguma depressão pós-parto”, adianta a actriz à The Hollywood Reporter.

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Desde que a prisão federal de segurança mínima de Danbury, no Connecticut, foi privatizada e passou para as mãos da Management & Correction Corporation (MCC), na terceira temporada, as suas condições deterioraram-se significativamente. A opressão praticada pelos novos guardas acumulou tensões na prisão feminina e aquilo que começara como um protesto pacífico ganhou novos contornos, levando à morte acidental de Poussey (Samira Wiley). Orange is the New Black regressa esta sexta-feira ao Netflix precisamente no ponto em que nos deixou na quarta temporada. Ainda no rescaldo da perda da companheira, o grupo de mulheres insurge-se contra os abusos de autoridade resultantes da nova gestão do estabelecimento prisional e Daya (Dascha Polanco) aponta a Humphrey (Michael Torpey) a sua própria arma. “Consigo imaginá-la a apertar o gatilho. A Daya está definitivamente a experienciar alguma depressão pós-parto”, adianta a actriz à The Hollywood Reporter.

Retorna para quinta temporada a maior parte do elenco principal, de que fazem parte nomes como Taylor Schilling (Piper), Laura Prepon (Alex), Taystee (Danielle Brooks), Gloria (Selenis Levya), Red (Kate Mulgrew) e Natasha Lyonne (Nicky). Como acontece habitualmente com os grandes sucessos do Netflix, pouco tem sido desvendado sobre a nova temporada, mas sabe-se que o trágico desfecho dos últimos episódios será determinante para o enredo, já que dará uma maior dimensão aos protestos contra a degradação da qualidade de vida na cadeia. Contrariamente às temporadas anteriores, que mantinham uma linha temporal vaga, neste caso a história é condensada em apenas três dias. “Acho que as expectativas estão mais altas do que têm estado ultimamente devido à compressão do tempo e porque ver as pessoas em circunstâncias apertadas põe tudo em jogo”, explica Taylor Schilling.

Danielle Brooks, a actriz que interpreta Taystee, refere que o formato de tempo real usado para seguir o curso dos motins na prisão ao longo de três dias resulta numa temporada “muito pormenorizada e muito intensa”. Anteriormente, havia sido chamada uma equipa de comunicação de crise ao estabelecimento prisional para evitar que a MCC sofresse má publicidade. Mas as reclusas da  Litchfield Penitentiary querem fazer-se ouvir a todo o custo. “Se por um segundo pensarem que o que acontece dentro do ecrã não tem relevância no mundo real, [notem que] regularmente se fazem manchetes sobre motins nas prisões e abusos de autoridade perpetrados sobre comunidades minoritárias e de baixos rendimentos”, escreve o crítico Daniel Fienberg na The Hollywood Reporter.

Em 2015, em conversa com o PÚBLICO, as actrizes Taylor Schilling e Kate Mulgrew destacavam a relevância da série não só por falar de temas fracturantes da sociedade como “liberdade religiosa, sexo, drogas, poder, capitalismo”, mas também pelo realismo com que trazia à ficção os problemas existentes no sistema prisional norte-americano. “Todos sabem que a prisão nos Estados Unidos é terrível. Um em cada três homens negros no nosso país vai para a prisão. E isto é insano”, apontou na altura Kate Mulgrew. A própria série é baseada na história real de Piper Kerman (que serve de consultora executiva na série), uma nova-iorquina com um background privilegiado que foi parar à prisão por um crime do passado.

Criada por Jenji Kohan (Erva), Orange is the New Black é uma espécie de camaleão da televisão que se vai transformando a cada temporada. No início da série, a narrativa era contada sob a perspectiva de Piper, que oferecia uma visão alargada sobre o contexto prisional, onde tudo lhe era novo. Esta dinâmica foi desaparecendo à medida que a história foi avançando e Piper passou a integrar o conjunto heterogéneo de mulheres com diferentes personalidades e diferentes perspectivas dos acontecimentos. Os flashbacks têm sido recorrentes para melhor entrar no universo de cada uma das personagens e conseguir perceber o seu passado.

Apesar de não revelar os dados das audiências, Ted Sarandos, responsável pelos conteúdos do Netflix, revelou em Janeiro do ano passado que Orange is The New Black é a série mais vista na plataforma de streaming. “[Esta] é uma das primeiras séries onde se vê que homens e mulheres estão interessados em ver narrativas femininas do início ao fim”, afirmou a veterana Kate Mulgrew ao PÚBLICO. A sua grande popularidade junto dos espectadores e da crítica levou a que, em Junho de 2016, o Netflix lhe confiasse mais três temporadas de uma só vez.

Desde que se estreou em 2013, a série tem sido uma das mais maiores apostas do serviço de streaming e, mesmo sendo um enredo difícil de catalogar (foi a primeira a ser nomeada para os Emmys sucessivamente como Melhor Comédia, em 2013 e 2014, e como Melhor Drama, em 2015), já conquistou quatro Emmys e foi distinguida pelos Screen Actors Guild Awards (SAGA) três vezes consecutivas.