Nos arraiais de Alfama e Mouraria, a música é portuguesa e igual para todos

Este ano, nas festas de Santo António, cabe à Junta de Santa Maria Maior ligar e desligar o som dos arraiais da freguesia e a escolha do reportório. Autarquia destaca que a instalação de um "sistema de som único" foi um pedido da população.

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A música será igual em todos os quarteirões das festas Nuno Ferreira Santos

Em Alfama e na Mouraria, todos os arraiais têm a mesma música. A Junta de Santa Maria Maior decidiu implementar nos dois bairros da freguesia um “sistema de som único”, que a própria autarquia liga e desliga, de forma a garantir que são “respeitados os horários de funcionamento do arraial” e de descanso dos moradores. O reportório inclui apenas “música portuguesa adequada a estas festividades”, lê-se no comunicado que a autarquia afixou pela freguesia.

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Em Alfama e na Mouraria, todos os arraiais têm a mesma música. A Junta de Santa Maria Maior decidiu implementar nos dois bairros da freguesia um “sistema de som único”, que a própria autarquia liga e desliga, de forma a garantir que são “respeitados os horários de funcionamento do arraial” e de descanso dos moradores. O reportório inclui apenas “música portuguesa adequada a estas festividades”, lê-se no comunicado que a autarquia afixou pela freguesia.

“Atendendo que as festas de Lisboa espelham a tradição e os valores culturais intrínsecos à cidade, foi atribuída prioridade à música portuguesa, de autores portugueses e cantada em português”, escolhida pela junta, pela Comissão Organizadora dos Arraiais e “alguns moradores”, explicou ao PÚBLICO Ricardo Dias, assessor para as Colectividades, Desporto e Juventude da Junta de Freguesia. Para além de garantir que o sistema de som é desligado à hora prevista, esta medida inédita vai permitir “melhorar qualitativamente a logística sonora dos arraiais”, acrescentou.

Não estão assim autorizados “sons autónomos por banca ou retiro”. Em caso de infracção, é interditada a participação nas festas do próximo ano. Mas, tratando-se de uma medida “apoiada por todos”, a junta não espera irregularidades, disse o responsável.

Ainda assim, este “sistema de som único” tem sido alvo de críticas por parte de alguns moradores que se queixam da “uniformização” da banda sonora das festas do bairro. O presidente da junta, Miguel Coelho, saiu em defesa da medida: “Quem vai aos santos populares vai para celebrar uma certa forma particular da nossa cultura”, escreveu na sua página do Facebook. Na rede social, o autarca ressalvou que a junta não tem “vergonha em afirmar o que é genuinamente português”. “Sobretudo em Alfama que por via da ganância de uns, se está a expulsar a população tradicional, a mesma que me pediu para durante os santos só passássemos música portuguesa”, acrescentou.

O regulamento da câmara de Lisboa não estende esta medida aos restantes arraiais da cidade. Diz apenas que o disco jockey deve privilegiar a “música portuguesa”. Obrigatória só a programação dos sábados, véspera de feriado e do próprio dia de Santo António: têm que ser música portuguesa ao vivo.

Entretanto, já está a correr uma petição a apoiar a medida que, dizem, defende "a música e as tradições portuguesas nos festejos dos Santos Populares de 2017". No texto, os signatário adiantam que "repudiam a atitude do Bloco de Esquerda, partido que já veio a público condenar a referida Junta de Freguesia e que não entende que as tradições do nosso povo fazem parte de um legado cultural que os portugueses têm todo o direito de preservar e de legar às gerações vindouras."