Procurador-geral dos EUA terá posto o lugar à disposição do Presidente
Em causa está a tensão entre Donald Trump e Jeff Sessions em torno da investigação à ingerência russa na campanha presidencial.
O relacionamento entre o procurador-geral norte-americano e o Presidente Donald Trump deteriorou-se tanto que o responsável pelo Departamento de Justiça chegou a pôr o seu lugar à disposição. O caso não foi do conhecimento público, mas acabou por ser revelado esta quarta-feira pela estação ABC News.
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O relacionamento entre o procurador-geral norte-americano e o Presidente Donald Trump deteriorou-se tanto que o responsável pelo Departamento de Justiça chegou a pôr o seu lugar à disposição. O caso não foi do conhecimento público, mas acabou por ser revelado esta quarta-feira pela estação ABC News.
De acordo com o jornal Washington Post, Donald Trump ficou particularmente irritado por ter sido avisado com pouca antecedência de uma decisão importante do seu procurador-geral – em Março, Jeff Sessions dediciu afastar-se da investigação do FBI sobre as suspeitas de ingerência da Rússia nas eleições norte-americanas, que envolve várias pessoas que trabalharam na campanha de Trump.
Do que se sabe até agora, Jeff Sessions não está a ser activamente investigado, mas afastou-se da investigação porque falou com o embaixador russo em Washington no ano passado e não revelou esse facto ao Senado, aquando da sua audição para começar a exercer a função de procurador-geral.
O jornal norte-americano avança que o Presidente soube dessa decisão pouco antes de Sessions a ter anunciado numa conferência de imprensa, e a partir desse momento passou a responsabilizá-lo por tudo o que aconteceu a seguir – o caso foi ficando cada vez mais difícil de gerir pela Casa Branca e o Departamento de Justiça acabou por nomear um investigador especial (não nomeado por Donald Trump) para supervisionar a investigação às suspeitas de conluio entre a campanha de Trump e a Rússia.
Para além do Washington Post, também o New York Times escreve que Jeff Sessions pôs o seu lugar à disposição, sem avançar uma data precisa. O procurador-geral terá dito ao Presidente que precisava de liberdade para fazer o seu trabalho.
Se chegou mesmo a haver uma abordagem de Sessions para sair do cargo, é óbvio que Donald Trump não a aceitou – o antigo senador do Alabama continua no cargo, mas na terça-feira o porta-voz da Casa Branca recusou-se a afirmar que o Presidente mantém a confiança nele. Questionado sobre esse assunto na conferência de imprensa diária, Sean Spicer disse apenas que não falou com Trump "sobre isso" – uma resposta estranha porque quando há uma boa relação entre um procurador-geral e o Presidente, não é preciso nem fazer essa pergunta, nem esperar para falar com o Presidente para se responder.
O que está em causa, segundo o New York Times, é que Donald Trump considera que a decisão de Jeff Sessions de se afastar da investigação foi "desnecessária". E acusa o seu procurador-geral de não estar a fazer tudo para lutar pela aplicação do seu decreto que visa suspender a entrada de cidadãos de seis países de maioria muçulmana.