Formação trava tentação de voltar à estaca zero

Apesar das adversidades, os escalões jovens do clube têm dado uma boa resposta.

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Apesar das adversidades, os escalões jovens têm dado boa resposta Adriano Miranda

A troca de identidade — mera cirurgia plástica, normalmente usada para iludir e contornar as insolvências — parece ser a via natural para a sobrevivência moral do clube, que a partir daí poderia começar uma nova existência, arrancando um novo capítulo da estaca zero, sem cobradores de fraque, apesar do incómodo peso dos esqueletos atirados para um armário difícil de esquecer. Esta seria uma fuga para a frente, uma solução que forçaria os escalões jovens a um retrocesso difícil de imaginar. Sobretudo para quem se orgulha de pedir meças e até mesmo de superar as elites da região, como se comprova com a mais recente conquista na Taça AF Coimbra, em iniciados.

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A troca de identidade — mera cirurgia plástica, normalmente usada para iludir e contornar as insolvências — parece ser a via natural para a sobrevivência moral do clube, que a partir daí poderia começar uma nova existência, arrancando um novo capítulo da estaca zero, sem cobradores de fraque, apesar do incómodo peso dos esqueletos atirados para um armário difícil de esquecer. Esta seria uma fuga para a frente, uma solução que forçaria os escalões jovens a um retrocesso difícil de imaginar. Sobretudo para quem se orgulha de pedir meças e até mesmo de superar as elites da região, como se comprova com a mais recente conquista na Taça AF Coimbra, em iniciados.

Esta época, apesar das insuficientes condições para levar a cabo um trabalho condizente com os pergaminhos da Naval — limitações fortíssimas para gerir o espaço/tempo de treino de cerca de 300 atletas jovens —, para além dos juniores, que continuarão entre as principais equipas do nacional, existe neste momento ainda a real a possibilidade de garantir mais dois títulos distritais nos escalões de infantis e juvenis.

A coabitação com academias de futebol num espaço (campo sintético) que suscita as mais variadas críticas, atira os mais pequenos para o parque de campismo, espaço sem as condições desejáveis. Apesar de tudo, a política de terra queimada pode vir a vencer. Isto, apesar de a solução, no que diz respeito ao futebol jovem, não exigir um esforço sobrenatural, conforme sugerem os últimos resistentes do departamento, seja pelo passado no clube, seja pelos próprios filhos, que poderão cumprir um papel decisivo no futuro da Naval. Com efeito, bastaria converter o estádio em sintético (a manutenção do relvado absorveria cerca de 3000 euros mensais), com ou sem pista (como a que foi construída junto à praia).

A possibilidade de explorar o espaço exterior do estádio ou a renda da antena de uma operadora de telecomunicações instalada junto à casa do guarda (que funciona como dormitório e sede provisória há… 20 anos) permitiriam potenciar os talentos que vão surgindo e que são a razão de existir da terceira colectividade portuguesa a ser reconhecida pelo Comité Olímpico de Portugal, sendo a quarta mais antiga do país. Honras que soma à Dama da Ordem Militar de Cristo, desde 1929, e Membro Honorário da Ordem do Infante D. Henrique, desde 1993.