Aliados árabes cortam relações com o Qatar. Tráfego aéreo internacional afectado
Diplomatas do Qatar têm 48 horas para abandonar os Emirados Árabes Unidos. Na origem do conflito estão notícias falsas divulgadas por hackers.
Bahrein, Egipto, Arábia Saudita, Iémen e Emirados Árabes Unidos anunciaram esta segunda-feira a suspensão das relações diplomáticas e o corte de ligações aéreas e marítimas com o Qatar, acusando o país de apoiar o terrorismo. O pequeno mas influente emirado defende-se das acusações e classifica a decisão dos cinco países como uma "violação da soberania", diz a Associated Press.
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Bahrein, Egipto, Arábia Saudita, Iémen e Emirados Árabes Unidos anunciaram esta segunda-feira a suspensão das relações diplomáticas e o corte de ligações aéreas e marítimas com o Qatar, acusando o país de apoiar o terrorismo. O pequeno mas influente emirado defende-se das acusações e classifica a decisão dos cinco países como uma "violação da soberania", diz a Associated Press.
A decisão sem precedentes está a ser encarada como um dos mais graves episódios de divisão entre os mais poderosos países do Golfo. Ao boicote liderado pelos sauditas, anunciado de madrugada, juntou-se nas últimas horas o Iémen, avança a BBC. Do Iémen, país mergulhado numa guerra civil, foram também expulsas as tropas do Qatar que integravam até hoje a coligação liderada pela Arábia Saudita, que combate forças conotadas com o Irão. A Sanaa, e segundo a Reuters, junta-se ainda um dos dois governos líbios – o de Tobruk, no Leste.
O canal de televisão saudita Al-Arabiya avança que as Maldivas, país de maioria muçulmana com laços diplomáticos, económicos e culturais com o Golfo, também suspendeu relações com o Qatar.
Riad anunciou o corte de relações através agência de notícias saudita, comunicando que seriam encerradas todas as fronteiras terrestres, marítimas e aéreas com o Qatar. De acordo com o comunicado, a decisão foi tomada para "proteger a segurança nacional dos perigos do terrorismo e do extremismo". O mesmo motivo é apontado pelo Egipto, cita a Al-Jazira, enquanto o Bahrein justifica o corte de relações acusando o Qatar de “minar a segurança e estabilidade” do país e de “interferir seus assuntos internos”.
Por ordem de Abu Dhabi, os diplomatas do Qatar têm 48 horas para sair dos Emirados Árabes Unidos. O Ministério dos Negócios Estrangeiros do Qatar já reagiu a esta decisão, considerando-a “injustificada”.
Na origem desta crise diplomática estão alegados comentários do emir do Qatar, Tamim bin Hamad al-Thani, que Doha diz terem sido publicados por hackers no site da agência de notícias estatal. Nesses artigos, o emir é citado a elogiar o Irão como um “poder islâmico”, rival da Arábia Saudita, e a criticar Riad – refira-se que iranianos e sauditas disputam a liderança política e económica da região, travando indirectamente um conflito militar através do apoio a facções rivais na Síria, Iémen e Iraque. "Não existem razões para a hostilidade árabe face ao Irão", teria dito o emir do Qatar, que teria ainda defendido as relações entre Doha e Israel e elogiado as forças do Hezbollah, movimento xiita pró-iraniano.
O Qatar desmente a veracidade das informações publicadas. Após o alegado ataque informático, ocorrido há duas semanas, os países que agora suspendem relações com o Qatar bloquearam o acesso online aos meios de comunicação do emirado, incluindo a Al-Jazira. Na quarta-feira, Doha garantiu que os responsáveis pelo ataque cibernético seriam levados à Justiça. Entretanto, e como nota a Al-Jazira, meios dos Emirados Árabes Unidos e da Arábia Saudita continuam a difundir os suspostos comentários do emir do Qatar.
Rex Tillerson, secretário de Estado dos EUA, espera que a crise diplomática no Médio Oriente não afecte a luta contra o terrorismo, cita o El País. Em Sydney, na Austrália, o chefe da diplomacia norte-americana sublinhou que encoraja todas as partes “a sentarem-se à mesa e ultrapassarem as diferenças”.
Nos mercados, a cotação do barril de crude estava esta manhã em alta ligeira.
O Qatar, um país pequeno em termos de área, com cerca de 2,7 milhões de habitantes, é o Estado mais rico do mundo per capita. As reduzidas dimensões do território não impediram o emirado de conquistar ao longo dos últimos anos uma enorme influência económica e diplomática no palco global. O país irá organizar o Mundial de futebol de 2022, apesar de ser alvo de acusações de exploração laboral e de corrupção no processo de candidatura ao torneio.
Consequências no tráfego aéreo internacional
O conflito diplomático no Médio Oriente está a perturbar o tráfego aéreo internacional, que tem no Qatar um dos principais aeroportos e pontos de escala da Ásia. Os países que suspenderam esta segunda-feira relações com o emirado anunciaram também o encerramento do espaço aéreo à Qatar Airways. Entretanto, companhias dos Emirados Árabes Unidos como a Emirates Airlines e a Etihad Airways já informaram que vão suspender todos os voos de e para o Qatar.