Portugal tem a 9.ª pegada ecológica mais pesada do Mediterrâneo
De acordo com um relatório elaborado pela Zero e pela Global Footprint Network, a pegada ecológica portuguesa aumentou 73% entre 1961 e 2013.
Entre 1961 e 2013, Portugal consumiu sempre mais recursos do que os que tem disponíveis, de acordo com os dados apresentados pela Zero – Associação Sistema Sustentável Terrestre, em parceria com a Global Footprint Network, no âmbito do Dia Mundial do Ambiente que se celebra nesta segunda-feira.
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Entre 1961 e 2013, Portugal consumiu sempre mais recursos do que os que tem disponíveis, de acordo com os dados apresentados pela Zero – Associação Sistema Sustentável Terrestre, em parceria com a Global Footprint Network, no âmbito do Dia Mundial do Ambiente que se celebra nesta segunda-feira.
Segundo o relatório, a pegada ecológica do país, ou seja, o consumo humano em relação ao que o planeta consegue produzir, aumentou 73% em 52 anos, passando de 2,2 para 3,9 hectares globais (gha) por pessoa.
Portugal tem, assim, a 9.ª maior pegada ecológica entre os 24 países mediterrânicos considerados e a 6.ª mais baixa da União Europeia. Segundo a organização, se todos os países tivessem a mesma pegada ecológica que Portugal, seriam necessários 2,3 planetas.
Já a capacidade do país em satisfazer as necessidades humanas e, ao mesmo tempo, absorver os impactos do ambiente (biocapacidade) cresceu 24% no período analisado, o que significa uma melhoria em relação ao passado. No entanto, ainda há um longo caminho a percorrer. A superioridade da pegada ecológica em relação à capacidade de produção resulta num défice ecológico de 2,3 gha.
Em 1961, Portugal já tinha défice ecológico, ainda que inferior ao valor actual. Susana Fonseca, da direcção da Zero, explica que a partir dos anos 60 houve um aumento do consumo e, tal como em muitos países europeus, muitos dos produtos consumidos eram importados.
“Portugal não era autónomo, por exemplo, na área alimentar ou energética”, acrescenta. Por essa razão, a pegada ecológica já era superior, pois os produtos importados também entram na conta. Actualmente, este défice continua a ser influenciado pelo elevado grau de dependência dos recursos do exterior e por uma utilização excessiva dos recursos locais.
O relatório acrescenta que o consumo de alimentos e a mobilidade são as actividades humanas diárias que mais contribuem para o aumento da pegada, consumindo, respectivamente, 32% e 18% da pegada global. Para Susana Fonseca, “diminuir o consumo, o desperdício alimentar, ter produtos mais duráveis e produzidos com maior proximidade geográfica” são soluções que podem contribuir para um ambiente ecológico mais sustentável.
A nível mundial, houve uma diminuição de 45% da biocapacidade e um aumento de 22% da pegada ecológica. “Com o aumento da população, nós temos cada vez menos hectares globais disponíveis. Temos que dividir a mesma área por um número maior de pessoas, fora a degradação de algumas áreas, que perderam produtividade”, conclui a dirigente da associação ambientalista.