As respostas da Madeira aos que fogem da Venezuela

Na Venezuela vivem mais madeirenses que no arquipélago. Que respostas tem a Madeira para os que regressam?

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A Venezuela está há largos meses mergulhada no caos REUTERS/Carlos Garcia Rawlins

Gabinete de Apoio ao Emigrante

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Gabinete de Apoio ao Emigrante

O Governo Regional da Madeira vai criar um gabinete intersectorial para apoiar os emigrantes que estão a regressar da Venezuela. A ideia é reunir no mesmo espaço serviços governamentais autónomos, como a Educação, as Finanças, a Segurança Social, Habitação e o Emprego, de forma a poder dar uma resposta mais célere aos que chegam.

Novo país, nova escola

Mais de 30 crianças oriundas da Venezuela, na maioria estudantes do ensino básico, estão a frequentar este ano lectivo os estabelecimentos de ensino do arquipélago. O director regional da Educação, Marco Gomes, explicou esta semana que os alunos foram chegando ao longo do ano e foram integrados em turmas, de acordo com um diagnóstico feito nas escolas. Mesmo quando muitos não chegam acompanhados da documentação necessária que permita a equivalência lectiva, os alunos são integrados em turmas consoante a idade e o domínio da língua. Em qualquer dos casos, têm recebido apoio complementar a Português e outras disciplinas.

Perto de mil inscritos no Centro de Emprego

Desde o início do ano que o Instituto de Emprego da Madeira (IEM) registou cerca de mil novas inscrições de emigrantes na Venezuela regressados à região. Os números oficiais apontam para uma média mensal de 180 inscrições desde Janeiro, com um ligeiro aumento nos últimos meses.

Apoios sociais

No final de Abril, a Segurança Social madeirense estava a acompanhar de perto 279 pessoas, através de vários programas que vão desde o Rendimento Mínimo Garantido ao Programa de Emergência Alimentar e ao Apoio para Medicação. No total são 100 mil euros por mês que são encaminhados para estes auxílios.

Habitação

A Investimentos Habitacionais da Madeira, a empresa pública que gere a habitação social na região autónoma, sinalizou nos últimos meses perto de uma centena de pessoas a precisar de casa. A maioria dos que regressam não tem condições económicas para arrendar habitação. A solução tem passado por familiares ou amigos, ou por casas na Madeira, compradas nos anos dourados da Venezuela, que estavam fechadas.

Medicamentos

Desde Janeiro, o acréscimo da região com despesas de saúde e comparticipação de medicamentos ascende aos 500 mil euros. A dificuldade em encontrar medicação na Venezuela ajuda a explicar este aumento. São muitos os que compram nas farmácias do Funchal e depois reenviam para os familiares através de alguém de confiança que regresse a Caracas.

Associações de apoio

A Venecom, Associação da Comunidade de Imigrantes Venezuelanos na Madeira, é a mais recente organização de defesa dos que regressam à região. Criada a 24 de Abril último, é dirigida por ex-emigrantes há largos anos instalados na Madeira e pretende “defender e promover” a integração do que chama “imigrantes venezuelanos”. Em pouco mais de um mês, já tinham batido à porta da Venecom mais de uma centena de pedidos de ajuda. Apoio jurídico e dificuldades em obter documentos lideram os problemas.