Tratamento experimental para o cancro do ovário com “resultados promissores”
Resultados foram apresentados no encontro anual da Sociedade Americana de Oncologia Clínica, em Chicago. Médicos pedem prudência, pois ainda falta conhecer muita coisa do tratamento.
O tratamento ainda está numa fase muito preliminar de investigação, mas os investigadores do Institute of Cancer Research (Londres, Reino Unido) estão animados com a capacidade demonstrada pela substância que estão a testar para reduzir tumores malignos do ovário – um cancro que em geral é diagnosticado em fases avançadas e que tem uma elevada taxa de mortalidade.
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O tratamento ainda está numa fase muito preliminar de investigação, mas os investigadores do Institute of Cancer Research (Londres, Reino Unido) estão animados com a capacidade demonstrada pela substância que estão a testar para reduzir tumores malignos do ovário – um cancro que em geral é diagnosticado em fases avançadas e que tem uma elevada taxa de mortalidade.
Os resultados dos ensaios clínicos foram apresentados neste sábado, nos Estados Unidos, durante o encontro anual da Sociedade Americana de Oncologia Clínica. O ensaio pretendia apenas testar a toxicidade da substância que os investigadores estão a estudar, explica a edição online da BBC. Foram incluídas 15 mulheres com cancro do ovário. Apesar de o objectivo estar relacionado com a segurança do medicamento, a verdade é que os tumores reduziram significativamente em cerca de metade das participantes.
Por agora, o tratamento foi testado em apenas 15 mulheres e, por isso, não se conhece o seu verdadeiro impacto. Está por esclarecer se haverá alguma relação entre a redução dos tumores e um aumento da sobrevida das doentes. Também ainda não é certo que as doentes possam fazer este tratamento por períodos prolongados, já que os riscos ainda não são bem conhecidos. Uma das participantes, entrevistada pela BBC, relatou uma melhoria dos sintomas e dores que já tinha devido à doença. No entanto, desde que deixou de fazer o medicamento, um dos três tumores que tinha voltou a crescer.
Udai Banerji, responsável pelo estudo que envolve investigadores do Institute of Cancer Research e do Royal Marsden NHS Foundation Trust, em Londres, assegura que os “resultados são muito promissores” e que “é raro ver respostas com uma evidência tão clara em fases iniciais do desenvolvimento de um tratamento”.
O tratamento em causa mimetiza a actuação do ácido fólico, com capacidade para agir directamente nas células cancerosas e mostrou ser mais eficaz num tipo específico de cancro do ovário. Ao actuar nas células malignas, tem a vantagem de não induzir a morte nestas células sem acarretar as consequências dos tratamentos clássicos, como a quimioterapia, em que muitas vezes há infecções, náuseas, perda de cabelo, entre outras complicações. Pretende sobretudo ser uma alternativa para as mulheres que já foram submetidas, sem sucesso, a outros tratamentos.
Os resultados foram aplaudidos no congresso, mas a comunidade médica também pede cautela. Michel Coleman, da London School of Hygiene & Tropical Medicine, alerta que falta conhecer o impacto do tratamento na sobrevivência das doentes de forma mais alargada no tempo. Mas diz compreender “a excitação dos investigadores”.
Em Portugal, o cancro do ovário é o nono cancro mais comum nas mulheres e o oitavo mais mortal, levando à morte de uma média de 380 mulheres todos os anos. O número anual de casos anda à volta dos 600 e a mortalidade é bastante elevada.
Os sintomas do cancro do ovário são silenciosos e muitos deles podem ser confundidos com alterações naturais do organismo, o que torna a detecção precoce da doença muitas vezes difícil. Inchaço abdominal, alterações intestinais, desconforto ou dor pélvica, perda de apetite, dores lombares ou alterações urinárias estão entre os sinais de alerta.