Porque não Corbyn?
O resultado das eleições é secundário. Corbyn já as ganhou e May já as perdeu.
Quando anunciou as eleições de 8 de Junho, Theresa May tinha 20 pontos de vantagem sobre Jeremy Corbyn, correspondendo a uma maioria parlamentar de 150 deputados e a uma vitória retumbante para ela.
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Quando anunciou as eleições de 8 de Junho, Theresa May tinha 20 pontos de vantagem sobre Jeremy Corbyn, correspondendo a uma maioria parlamentar de 150 deputados e a uma vitória retumbante para ela.
Passado um mês e tal, a uma semana de ir a votos, as mesmas sondagens continuam a dar a vitória aos tories, mas a diferença diminuiu, em média, para metade. A campanha eleitoral prejudicou irreversivelmente a reputação de May. Ninguém diz que Corbyn pode ganhar. Mas já dizem que May pode ganhar com uma maioria ainda mais pequena do que a que tem — ou até perder essa maioria.
Avisei na altura que os eleitores do Reino Unido afinam quando são taken for granted (tomados por garantidos). Reagem saudavelmente, confundindo aqueles que teimam em prever o seu comportamento. É a liberdade que lhes vem de perguntar, muito simplesmente: Why not?
Corbyn foi tão vilificado pelos media britânicos que os eleitores começaram a desconfiar que estavam a ser manipulados. A ele, como pessoa decente e bondosa que é, basta-lhe ser como é.
A maneira como ele reagiu a todos os ataques pessoais foi digna e, sobretudo, eficaz: recusou-se a responder na mesma moeda e não fez ataques pessoais.
O resultado das eleições é secundário. Corbyn já as ganhou e May já as perdeu. Esta campanha serviu para alterar profundamente as reputações de ambos os políticos. Ninguém se lembrará que Corbyn só decidiu ir ao debate da BBC no próprio dia. Mas ninguém esquecerá que May não apareceu, mandando outra ex-Remainer no lugar dela.